domingo, novembro 22, 2015

Uma mesa-redonda sobre transferência de tecnologia universidade-empresas

No aniversário da Tecminho, foi tema do colóquio promovido para o efeito, a transferência de tecnologia das universidades para a indústria. Falou-se da discrepância entre o ranking de Portugal na Ciência e na Inovação, a primeira avaliada pelo número de publicações e a Inovação pelo número ode patentes, entre outros critérios, tais como a I&D no Estado, nomeadamente nas Universidades e nas empresas. Um comentário do moderador José Mendes, vice-reitor da UM, foi indicativo de como os números enganam, referindo.se que muita do I&D nas empresas são atividades consideradas de I&D e que não o são na realidade, tal como o trabalho de desenvolvimento de software efetuado em bancos. Não me espanta esta constatação, uma vez que num mundo em que os números e as estatísticas é que valem, tudo serve para empolar esses mesmos números. Numa nota otimista, o representante da ADI, Agência de Inovação, apresentou dados de evolução já conhecidos, sobre o aumento do número de projetos de co-promoção desde o último programa quadro da CE ao presente programa 2020. Não especificou como esta evolução encaixa na Inovação, uma vez que muitos destes projetos são mais baseadas na evolução do que na inovação. Não se refletindo em patentes, não se pode distinguir se é novo o que que se faz nestes projetos ou se pelo contrário é de facto uma evolução. O que se depreende destas afirmações, com referências a empresas tradicionais, confirma a suspeita de que são inovações evolutivas e não de novos produtos inexistentes no mercado. Os outros intervenientes presentes na mesa redonda eram o representante do INL, Instituto de Nanotecnologia Ibérico , e um professor Universitário holandês. Este último, sendo psicólogo, referiu que para as start-ups seria positivo terem outras valências que não só engenheiros ou cientistas, mas também que incluam licenciados em humanidades que poderiam fazer uma ponte com a sociedade, uma vez que a linguagem dos engenheiros/cientistas não é muitas vezes entendidas pelos empresários. Não está mal pensado. O representante do INL, recém-chegado a este instituto, traz ideias novas ao INL tais como colocar os seus investigadores nas empresas para perceberem como podem integrar a sua tecnologia na tecnologia das empresas. É um passo no sentido certo, mas não serão dois mundos muito distantes? A nanotecnologia desenvolvida no INL será mais indicada para empresas intermédias, spin-offs, que após regurgitarem essa mesma tecnologia e a transformarem em algo que será minimamente próximo da nossa indústria, poderiam talvez ter mais êxito que este salto inter-galáctico entre estes dois mundos. No entanto, a atitude deste novo diretor do INL é muito positiva quando comparada com a anterior direção, na opinião de um atento observador. O colóquio terminou com um curto vídeo sobre a Tecminho que fez 25 anos e que foi no seu tempo a primeira interface Universidade-indústria, numa altura em que a UM tinha mais colaboração com o tecido industrial das pequenas e médias empresas do que as outras universidades. Quando apagarem as velas, façam um pedido: peçam que esse espírito empresarial da UM volte, porque parece-me que se tem vindo a esvanecer. Um exemplo dessa tendência que deve ser revertida, foi a saída do único parque de Ciência e Tecnologia da região ao qual presidia, o Avepark. Faço votos que também esta saída seja revertida no futuro, ou por via da mudança de iniciativas governamentais do anterior governo, que provocaram em grande parte a tomada pela Câmara de Guimarães do Avepark, ou usando um pouco a imaginação e a motivação de apoio ao empreendedorismo, que andam muito por baixo na UM nos últimos anos, não tanto na discussão do tema, como foi o caso, mas mais na atuação.

sábado, novembro 14, 2015

Atratividade do ensino superior em crise

Hoje uma notícia no jornal Público diz-nos que o ensino superior é menos atrativo para os jovens por o emprego estar a crescer mais, embora modestamente, para os jovens com o ensino secundário completo do que para os licenciados, citando um relatório da Comunidade Europeia(CE). Por outro lado, muitos jovens licenciados exercem empregos abaixo das suas qualificações. A CE não foge à regra com 25% de jovens nessa situação. Adianta este relatório algumas causas, sendo a das oportunidades de emprego a primeira, mas que o abandono escolar também é elevado, pelo que se conclui que os alunos chumbam muito, talvez por os cursos não serem interessantes ou relevantes para um mundo em mudança. No caso de Portugal, com o que se perdeu nos último 4 anos, em que a indústria não evoluiu, em que não houve uma re-industrialização do país, mas que pelo contrário, houve um reforço das empresas dos setores tradicionais de mão de obra barata, os têxteis e o calçado por via das exportações, as saídas para os licenciados para postos de relevo nestas ou noutras engenharias são muito pequenas. Mesmo aqueles que exercem nestas indústrias, recebem ordenados pouco acima do ordenado mínimo. É o País que não acompanha o ensino ou é o ensino que não acompanha a indústria? É um ciclo vicioso porque uma coisa precisa da outra. Se a indústria não existe, os curso para essa indústria não fazem sentido e se os cursos não existem, embora não seja tão linear, também não há incentivo para a indústria se estabelecer no país, nomeadamente por via do investimento estrangeiro. Qual a saída então? Há quem defenda que as start-ups serão a solução. Mas estas são uma gota no oceano. Poderão no entanto, quando têm origem nas universidades como spin-offs, ter um efeito catalisador dos cursos donde emanaram, por servirem de exemplo para os candidatos aos cursos de ensino superior. Estes cursos com atratividade, por sua vez, terão um efeito de incentivo para a formação de outras spin-offs e assim sucessivamente. Será um ciclo vicioso mas desta forma, com efeito positivo tanto no tecido industrial como nos cursos de ensino superior.