domingo, novembro 30, 2014

Assim vai o ensino superior na transição para 2015

Aproxima-se mais o fim de um ano em que as contas das Universidades chegam ao fim e mais um orçamento entra em vigor em 2015. Pelo que sabemos do que é divulgado que resta do orçamento deste ano, não chega para mais que uns consumíveis. Longe vai o tempo em que tínhamos o desafio de gastar mais do que tínhamos tempo para o fazer, a cumprir todas as regras, claro. Que o governo cortou no ensino superior já sabemos, mas que cortou ao ponto de cortar no futuro das universidades e do I&D é menos claro para os mais distraídos. Mas quando vemos que os cursos perdem professores, convidados e leitores, despedidos só por não terem vínculo, por muito bons professores que sejam, e quando bolseiros perdem a bolsa só porque a FCT decide cortar nas bolsas aliatoriamente e alterar a forma de avaliar os centros, atribuindo a uns que mal têm publicações a classificação de excelência a e a outros com mais que reconhecido nome internacional uma classificação menor, então perde-se o rumo, não se sabendo mais qual o objetivo da Universidade. O Governo humilhou muitos, fez perder a muitos aquilo que mais gostavam, a sua profissão, e ainda vai ficar mais um ano para terminar de enterrar definitivamente a esperança de muitos mais professores e investigadores. Com os cortes vêm também os despedimentos, com consequências para a qualidade que tinha como base no mérito dos seus professores. A meritocracia sai muito prejudicada e o que prevalece é aquilo que durante muitos anos andou a sondar o ensino superior, o corporativismo por um lado, e o "salve-se quem puder" de outros, eliminando os mais fracos e procurando salvar a pele sem olhar a critérios de mérito. É a promoção dos mais baixos instintos profissionais, que vem de cima. Leitores e bolseiros, os elos mais fracos, são as vítimas nas Humanidades, e os professores convidados, nas Engenharias. Precisamente aqueles que poderiam construir o futuro do ensino superior mais ligado à I&D e à sociedade. Tudo feito por colegas em reuniões departamentais, sem qualquer critério de mérito. O corporativismo vem de jogadas auto-protetoras por parte daqueles que constituem a maioria, normalmente os menos competentes, normalmente instigados por um líder eleito por eles, o que é uma deturpação da democracia e um atentado à meritocracia. O salve-se quem puder é normalmente típico de outros espíritos fracos e muitas vezes incompetentes que se juntam ao grupo da matilha, para não serem eles próprios sacrificados.

domingo, novembro 16, 2014

O outro lado dos funcionários públicos

Fiz aqui há duas semanas uma brincadeira escrita sobre os funcionários públicos, enaltecendo a sua abnegação e dedicação, e também resignação pelos cortes que sofreram. Não demorou muito que funcionários públicos, nomeadamente os que têm chefias em repartições que supostamente têm a nossa justiça nas mãos, como a secretária geral do ministério da justiça, deixaram ficar mal a classe. Na realidade os vistos gold contaminaram também as polícias, o notariado e em última análise um elo comum a muitos destes arguidos que á a amizade que os liga ao Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo. Pelos vistos a única suspeita sobre ele é não ter nomeado um fiscal na China que deveria ter nomeado há uns 6 meses atrás, para impedir que malfeitores chineses se aproveitassem do programa para lavagem de dinheiro, que veio de facto a acontecer. De qualquer forma, o Ministro devia ter mais cuidado com as suas amizades. Habitante de Braga, amigo de Marques Mendes, também envolvido numa empresa com familiares dos arguidos, os dois colocam o PSD do norte muito mal na fotografia e o próprio governo, caso Miguel Macedo não se demita ou não seja demitido.

sábado, novembro 08, 2014

Questões sobre programas de doutoramento para alunos estrangeiros

Quais são as prioridades da UM? Quem se lembra do programa eleitoral do presente reitor? Do que retive desse programa só me recordo do compromisso em angariar mais alunos do estrangeiro para compensar a falta de alunos nacionais. Isso tem acontecido por exemplo no departamento de engenharia têxtil, talvez ainda o departamento com menos alunos por professor, através de programas conjunto de doutoramento. Mas isso traz prestígio à UM ou só traz receitas para a UM (e para os professores que lecionam neste programa)? Qual o grau de exigência para estes alunos? Será que alguma destas teses, obrigatoriamente com um limite temporal, alguma vez chega a ter reconhecimento internacional através de publicações em revistas "peer reviewed"? Sendo um curso que não conta como horas docência na distribuição de serviço docente, por serem pagos, será que podemos considerar que os parâmetros de avaliação serão diferentes dos doutoramentos que contam para os etis (horas por docente)? Pode-se considerar que é um curso privado dentro de uma Universidade pública? Bom se for como as camas dos privados para os doentes com seguro nos hospitais públicos, estes até têm melhor tratamento que os doentes do serviço nacional de saúde. Será que há aqui uma analogia? São questões para as quais não temos ainda resposta e que aguardaremos até ao fim para ajuizarmos sobre o real valor deste tipo de doutoramento e como contribui para a imagem da UM´.

domingo, novembro 02, 2014

Ranking das Escolas de Engenharia das universidades portuguesas

Mais um ranking em notícia do público e desta vez a Universidade do Minho não figura nas eleitas. Foi um ranking sobre as unidades de engenharia, em que das universidades portuguesas a Universidade de Lisboa lidera no 15ºº lugar das universidades europeias. A Universidade do Porto está em 26º lugar. Seria de esperar que estas duas universidades liderassem as universidades portuguesas, mas acontece que Coimbra e Aveiro também figuram na lista. Quem está ausente neste ranking das engenharias é a Universidade do Minho. Não é por isso de admirar que os alunos escolham mais estas universidades que a UM para as engenharias. Os rankings valem o que valem, havendo rankings para todos os gostos, o que é certo é que há uns de maior reconhecimento ou com maior visibilidade que outros, como este da US News, e nesses pelos vistos nós na UM não estamos. Embora não concorde que uma Escola/Faculdade de Engenharia não devia só ser avaliada pelos artigos científicos, mas também pelas patentes e nas spin-off's que gerou, entre outras projeções para a sociedade, uma vez que segundo a notícia o ranking foi precisamente baseado no número de publicações e citações de artigos científicos, depressa se percebe porque ficámos em último lugar, sem figurar sequer na lista. Desde que na última eleição do Presidente da Escola de Engenharia, o Presidente cessante, o Paulo Pereira, fez um esforço junto com o seu vice Eugénio Ferreira na implementação de um sistema de avaliação de docentes, o RAD-EEUM, baseado precisamente nos artigos científicos e citações, que houve um movimento contrário que culminou na sua derrota nas eleições. Portanto está tudo dito: quando os próprios docentes não querem ser avaliados pelos parâmetros internacionais, o caminho é para o facilitismo, a imobilidade e finalmente, a perda de prestígio internacional. Não se podem queixar depois de não figurarem na lista das melhores universidade na área das engenharias, o que se repercutirá mais cedo ou mais tarde, na perda de alunos que também se guiam pelo que leem ou ouvem nos media. Faz lembrar um pouco, os professores do ensino secundário, com as devidas diferenças de nível, com a sua recusa em serem avaliados. Mas estes fazem-no através do sindicato, enquanto que os professores da Escola de engenharia fizeram-no numa eleição institucional em que o corporativismo da classe não deveria se espelhar neste tipo de eleição, em que a qualidade deve ser e é normalmente o lema de campanha dos candidatos, tendo em vista a vontade dos eleitores em melhorarem a qualidade da usa instituição. Pelos vistos não é um tema prioritário na Engenharia, o que lamentamos, porque somos todos envolvidos depois pelo ranking, mesmo não tendo participado na queda da proposta do RAD-EEUM tal como ele era proposto no início. Neste momento o RAD-EEUM não serve para nada, não decide sobre promoções, nem que seja de escalão, como seria de esperar, nem amedronta aqueles que não investigam, mas que só dão aulas, acabando por os premiar. De facto, a avaliação está de tal forma enviesada que a componente pedagógica pode suplantar a produção científica na pontuação, chegando ao ponto de alguém com quase nada de publicações científicas reconhecidas pelos pares, ter a mesma classificação de outro com bastantes artigos científicos de qualidade, na web of knowledge, ISI ou SCOPUS.

sábado, novembro 01, 2014

Funcionários Públicos de hoje


cortam-nos nos salários
cortam-nos nas pensões
tiram-nos abonos
chamam-nos mandriões

salvamos pessoas
em fogos de verão
tratamos doentes
temos que partir, deixar a nação

somos pau para toda a obra
damos aulas, investigamos
ficamos com o que sobra
assim para a frente País, não vamos

Prendemos gatunos
patrulhamos os céus
fazemos missões
em terras de véus

Ficamos doentes
pagamos a ADSE
morremos mais tarde
mas perdemos a fé

Quem somos?
Somos Funcionários Públicos !