domingo, setembro 08, 2013

O desaparecimento forçado dos cursos têxteis e as responsabilidades do CG na sua remodelação

Mais um ano de muito poucos alunos nesta primeira fase de colocações no curso de Engenharia Têxtil. Nada de extraordinário nisto, a não ser o facto de ser agora um curso diurno, que se pensava seria a solução ou parte dela, para aumentar o número de alunos significativamente. Penso que é altura de definitivamente pensar no fim do curso, por muito que nos custe a todos que ensinaram durante anos neste curso. Não é só inviável do ponto de vista económico mas também não é eficiente. Outros alunos entrarão por outras vias, alguns na segunda fase, outros vindos dos cursos tecnológicos com entrada direta, como tem acontecido nos últimos anos, mas o facto é que mesmo assim não serão suficientes e muitos destes alunos trabalham e prefeririam o curso pós-laboral que em princípio não funcionará por ter tido zero alunos nesta primeira fase. Há outras alternativas para o ensino de engenharia têxtil e particularmente para o ensino de química têxtil, uma área de extrema importância para a indústria de acabamentos, a que tem mais valor acrescentado no sector. Já existe um Mestrado em Química Têxtil. Poderia haver também um Mestrado em Engenharia Têxtil, vocacionado mais para a engenharia mecânica e de gestão industrial, podendo ser uma especialização para os alunos saídos destes cursos e engenharia que se interessavam ou conseguissem emprego na indústria têxtil, que se encontra neste momento de boa saúde, muito devido ao aumento das exportações.
O problema da indústria têxtil foi precisamente o seu divórcio das outras indústrias a montante, a de metalomecânica e a de produtos químicos têxteis. Assim acontece no ensino da UM entre os cursos correspondentes, o de metalomecânica e o de química. Num passado recente havia um curso de química têxtil que o departamento de química fechou. Embora os números rondassem os 10 a 15 alunos. Todos os alunos do último ano em que este curso funcionou encontraram emprego. Nos anos anteriores, embora não tendo dados sobre o emprego, tenho a noção que também não tiveram grandes problemas em arranjar emprego uma vez que me cruzo com ex-alunos desse curso em visitas a empresas de acabamentos e em redes sociais .  A componente de química junto com a de têxtil assegura a sua competência para lugares chave nas empresas de acabamentos têxteis. Há atitudes de departamentos, que por razões de interesses próprios, prejudicam o serviço que a UM deveria ter para com a sociedade e neste caso em particular para com a indústria preponderante envolvendo o pólo de Azurém, Guimarães, e Barcelos, que é a indústria têxtil. Não se entende como a autonomia dos departamentos, como o de Química neste caso, e a autonomia da Escolas, a de Ciências, chegue a este ponto, sem que a Reitoria tenha atuado para defender o interesse da região e do País. Haverá outros casos em que cursos desaparecem, ou desaparecerão, com a crise de alunos a intensificar-se sem que a Universidade possa impedir. Segundo o RJIES, criar cursos depende agora do Conselho Geral e do reitor. E encerrar cursos ou alterá-los de forma a que para todos os efeitos desapareçam, como aconteceu com o curso de Química-opção materiais têxteis? Também ! Afinal com a extinção do Conselho Académico pelo RJIES não será o Conselho Geral senão que deve analisar a extinção ou alteração de cursos? E não deve criar comissões para sugerir alternativas como neste caso do curso de Engenharia Têxtil ou de Química Têxtil em que vários departamentos e Escolas terão que estar forçosamente envolvidas? Há ainda o curso de Design e Marketing Têxtil, o doutoramento, que funciona há anos sem a colaboração da Escola de Economia na componente de Marketing. Como foi isto possível? O resultado tem sido o de doutorados com teses que não têm a chancela de verdadeiros especialistas nessa área e talvez também por isso, já causaram dissabores à UM em casos mediáticos de plágio.
Alterações que descaracterizam os cursos devem ser cuidadosamente avaliadas e ramos ou opções devem ser escolhas logo de início para não haver descaracterização !Truncar o ramo têxtil e empurrando a sua escolha para o meio do curso, quando antes era obrigatório escolher o ramo têxtil,(ou polímeros) no ato de inscrição, deu aos professores de química a possibilidade de de desviar os alunos para um opção introduzida de química científica (?). O resultado foram zero alunos nos últimos anos nas opções têxteis. O que fizeram os responsáveis do departamento na altura? Aceitaram estas condições e concentraram-se no curso de Design têxtil, como se este curso compensasse esta perda em química têxtil. Parece que há agora uma tentativa tímida de recuperar algumas opções têxteis no remodelado curso de química, uma vez que o curso não teve o sucesso que o departamento esperava. Esperemos que esta tentativa não seja mais um "embuste", palavra que tem sido usada ultimamente para quem nos quer atirar poeira para os olhos, e que o Conselho Geral faça o seu trabalho na defesa dos interesses duma indústria tão importante para a região e para o País.