sábado, maio 25, 2013

Fim de ciclo de um curso e uma ideia alternativa

Na Universidade do Minho em Guimarães no Departamento de Engenharia Textil há 30 anos atrás, 1983, os professores eram jovens e os alunos também. Agora, os professores não são novos e os alunos também o não são, se considerarmos a média normal de idades dos alunos universitários. Que situação! Os professores, muitos a caminho da reforma, e nenhuns com menos de 45 anos, os alunos são do curso pós-laboral já com as suas vidas organizadas durante  dia, com pouco entusiamo para ouvirem a teoria da que se ensina no curso, ansiosos por aprenderem coisas práticas e novas. Portanto que conclusão tiramos do curso? É um fim de ciclo. O que os professores têm, ou pelo menos alguns, é experiência e neste ramo não há muitos que tenham essa experiência combinada de tecnologia e ciência.
A partir de agora, o ensino terá que ser de outra forma, mais personalizado, com os professores a transmitirem os seus conhecimentos com base na sua experiência, não através de um curso já esgotado, mas tem que ser de uma forma diferente. O reduzido número de alunos presta-se a isso. Se cada professor tomasse nas suas mãos o ensino e orientação pedagógica e científica de 5 alunos, cobrir-se-ia dessa forma todos os alunos de engenharia textil. O aluno podia ter os dois primeiros anos de ensino geral, e a partir daí ficaria a estudar só com um professor. Os professores deviam ser escolhidos entre os mais experientes em termos de projetos de I&DT e de PSECS, e estabelecer o ranking. Ao esgotar os alunos os restantes professores ficariam sem alunos mas com outras tarefas, e com a obrigatoriedade de estabelecer contactos com a indústria e de se candidatarem a projetos de IDT par ganharem experiência tanto industrial como científica. Poderiam também fazer parte do grupo dos professores mais experientes e coadjuvá-los.
Aqui fica a ideia.

terça-feira, maio 21, 2013

Mobilidade e greves

Os professores do ensino secundário ameaçam greve aos exames. Que bicho lhes mordeu? Só agora se mexem? No tempo do governo Sócrates não só fizeram greve aos exames como também não se calavam o tempo todo. Porquê? Agora percebe-se que não queriam as avaliações. O resto, mais alunos por turma, horários zero, menos contratações, menos estabilidade para os contratados, agrupamentos de escolas, cortes nos salários, cortes nos subsídios, etc, que lhes foram atirando para cima desde que a troika veio, nada disso fez aos sindicatos tanta raiva como um simples programa de avaliações, proposto pelo anterior governo. É caso para dizer: quem tem medo das avaliações? E porquê? A resposta é óbvia e não serei eu a dá-la.
 Mas este governo, após uma tímida proposta de avaliação, deixou cair o assunto. Não lhes interessa a qualidade? Ou pura e simplesmente querem os sindicatos dos professores pacificados, nomeadamente os seus dirigentes?  Era assim com os sindicatos americanos: apaparicavam os cabecilhas com benesses para os domesticar e conseguiram, no caso do Jimmy Hoffa que acabou por controlar os sindicatos mais poderosos. Os alemães foram pelo mesmo caminho oferecendo ações das empresas onde eles trabalhavam, como "incentivo". E agora não têm força. Felizmente têm uma economia forte que embora beneficie os mais ricos, sim porque na Alemanha o fosso entre ricos e pobre nunca foi tão grande, sempre paga bem aos dirigentes dos sindicatos, Os desempregados e os mal pagos, esses não têm força. Por cá, vamos pelo mesmo caminho. Vejam os professores contratados, alguns com mais de 20 anos de serviço e agora desempregados, Os sindicatos estão preocupados? Estão sim, mas a avaliação preocupa-os mais.
Na mobilidade como vai ser? Quem vai primeiro? Se não foram avaliados...mas parece que não vão para a mobilidade, em troca talvez de..não fazerem greve aos exames.
E assim vai o País. Quem sofre é quem não tem voz. Primeiro os reformados, que são alvo fácil. Depois os funcionários públicos mais fracos (carreiras médias para a mobilidade), depois os outros. Só não se toca nos juízes. O Sócrates atreveu-se a sugerir férias só de um mês, porque achava que dois era muito, teve os sindicatos a fazer de tudo, até pediram contas aos gastos com cartões de crédito dos ministros!
Quanto às avaliações no Ensino Superior, também há muito quem conteste. Parece que é um mal nacional no que toca ao ensino.
Os Professores do Ensino Superior do quadro têm sido poupados nos despedimentos, tal como os restantes funcionários públicos. Mas mais uma vez os mais fracos, leitores e convidados foram os sacrificados. Mas e a mobilidade? Também vai ser para todos? Vamos ver, porque aí, mais uma vez, não havendo avaliações, quero ver qual o critério e se os sindicatos do superior fazem ameaça de greve aos exames tal como os seus colegas do ensino secundário. Nessa altura já vai ser tarde porque ninguém os vai levar a sério. Foram demasiados anos a serem manipulados sem qualquer reação.

sábado, maio 11, 2013

O ensino em inglês para brasileiros

O conselho de reitores veio a público protestar pelo facto de os alunos oriundos do Brasil irem agora ser encaminhados para os EUA e outros países onde se ensina em inglês. Não sei qual é o grande problema que se pensa existir. Fala-se em perdas de propinas mas os alunos brasileiros pagam  mesmo que os portugueses e não serão em número tão elevado que faça assim tanta mossa nas contas das Universidades. Fala-se também em perda de ligação cultural. Talvez haja um pouco de perda nesse sentido, embora seja difícil de antever. Depende muito se alguns destes alunos no futuro chegue a um lugar relevante na cultura brasileira, De outro modo, não será diferente de outros brasileiros que se encontram em Portugal a trabalhar. Também se receia um "downgrade" do ranking mundial das universidades portuguesas. Neste caso, receia-se mais a imagem do que a realidade, porque de facto não são os alunos brasileiros que contribuem de alguma forma significativa com o nível de publicações, patentes ou outras manifestações científicas ou mesmo culturais (livros, pintura, design e outras manifestações de cultura) oriundos das universidade portuguesas. Infelizmente sabemos que muitos dos alunos brasileiros não são muito diferentes dos alunos de Erasmus na sua atitude, ou seja, primeiro conhecer o País, nesta caso a Europa, conviver, que no caso dos brasileiros acaba mais por ser entre eles do que com outras nacionalidades, e só depois vêm os estudos. Para as universidades, isto não as preocupa, por isso deixem-se de hipocrisias. Se os estudantes saírem com um canudo, não interessa se aprenderam alguma coisa ou não. Não são da nossa responsabilidade. É essa no intimo a atitude dos professores perante o interesse final dos alunos brasileiros, que é o canudo, seja com uma boa nota ou não. Este é o meu pressentimento embora não tenha provas. Não é possível com o tempo que eles estão cá e a preparação deficiente que trazem, fazer muito mais do que esperar que pelo menos saiam com um diploma, porque disso depende o futuro destes jovens no país deles e o professor não terá que explicar porque não o passou, quando interrogado por estas instituições que se preocupam tanto com os resultados na pauta e agora também com a  imagem das suas instituições e do país. "Let it go" e procurem alternativas. Se os brasileiros não querem, há quem queira. Há sempre!
O Ministro da Ciência do Brasil afirma que a razão de mudarem o rumo dos seus bolseiros para países como os EUA é para os bolseiros brasileiros aprenderem inglês ao mesmo tempo que tiram os seus mestrados e doutoramentos. Muitos acham que é desculpa. Muitos desconfiam que os responsáveis brasileiros não consideram que se desenvolverão científicamente com o que se aprende em Portugal. Uma coisa que já devíamos saber é o Brasil não olha para a língua portuguesa e para o seu património como os portugueses. Foram ensinados na escola que os portuguese estragaram o Brasil depois de o descobrir, matando índios e instaurando um sistema burocrático e paralisador que impediu o seu desenvolvimento. Os EUA por outro lado, foram desenvolvidos por colonos que não tinham nem a burocracia nem o atraso dos portugueses, misturando- se aqui um pouco o fator cultural de um povo com a religião católica, considerada também imobilizadora. Pois pode muito bem ter algum fundo de verdade, pois Portugal também sofreu e sofre estes constrangimentos. Mas ninguém deve renegar os seus pais por serem isto ou aquilo, e muito menos por serem mais pobres que outros. Os filhos desenvolvem-se segundo as suas próprias capacidades e não podem culpar os pais pelas suas falhas ao longo da vida. Assim são as nações.
O inglês é importante mas se os brasileiros não têm a facilidade de outros povos em falar inglês, o problema é seu e não dos seus antepassados, uma vez que estes desenrascam-se muito bem nesta como noutras línguas.