sexta-feira, dezembro 30, 2011

2011- Um ano de transição

O ano de 2011 que muito prometeu em matéria de alterações, nomeadamente à passagem a Fundação, afinal não teve grandes alterações ao estatuto existente, em grande parte devido à mudança de governo. Para animação da Academia, houve episódios caricatos, como o dos e-mails dos gelados e outros mais incómodos como o das multas da biblioteca, assunto que encerrou o ano com um abaixo-assinado de utentes revoltados. Houve progressos no que respeita a consultas à UM e por proposta do CG e aceitação do reitor, foram formados grupos de reflexão para pensar na estratégia para o futuro da UM. Quem se deu ao incómodo de ler alguns desses trabalhos que foram divulgados, nomeadamente o da Escola de Engenharia, deu-se conta de que uma das propostas seria o de extinguir os centros com classificação de "apenas" BOM. Como de costume isto não causou qualquer apreensão, pelo menos por escrito, da Academia. Fica-se com a sensação que mesmo a formação de grupos não foi entusiástica, sendo até de difícil concretização. Este mal que afecta a Academia, a indiferença, continuou pelo ano fora, e só se prevê que se altere quando as medidas que se adivinham começarem a ter efeito. Serão medidas que irão no sentido de se economizar e isso pode significar em última instância em desemprego para alguns. Já se foram, sem grande publicidade, alguns leitores, por terem um vínculo mais fraco à entidade empregadora, neste caso a UM. A alternativa de se fazerem cortes horizontais nas percentagens dos professores convidados, sempre foi uma alternativa, por estes também terem um contrato sem garantias. Mas uma vez esgotadas estas vias de cortes na despesa, quem se seguirá? O RJIES aparentemente não permite que se despeça ninguém com nomeação definitiva, uma vez que os contratos são por tempo indeterminado, embora uns tenham "tenure" e outros não, não se percebendo muito bem a diferença.
Há por outro lado a hipótese de pessoas de fora ingressarem na UM via concursos para lugares do quadro (professores Associados e Catedráticos)o que faz com que seja ainda maior a despesa com salários. Onde vai a UM buscar dinheiro? Estima-se que o corte para o ensino superior tenha sido na ordem dos 10%. Já se veio acrescentar recentemente como imperativo da troika, que é necessário cortar no ensino superior mais 360 milhões. Onde se corta? Quando se consulta, uma das razões perversas, embora as intenções sejam boas, é a dos responsáveis não quererem tomar decisões impopulares sozinhos. E quando se pergunta como cortar nas despesas o que é que se responde? Para cortar é necessário obviamente cortar em pessoal, porque no resto já não há por onde cortar. Se esse é o caminho, esperamos que o reitor e CG vejam onde estão as gorduras em pessoal, incluindo os Serviços, e não só em pessoal docente, e façam-no duma maneira que não sejam sempre os mesmos a pagar, ou seja, aqueles que não têm padrinhos nos vários órgãos e unidades da UM.
Seria ótimo que não fosse necessário chegar a este ponto, mas para isso, seria necessário que mais alunos entrassem, o que não é provável, dada a escassez de jovens a distribuir por todas as Universidades. Além disso, os jovens na contextura actual pensam noutras opções, tais como emigrar ou arranjar emprego primeiro para só depois ingressar no ensino superior.
Outra hipótese é a de conseguir mais receitas com projectos e serviços para o exterior. No entanto, também se sabe que cada vez e mais difícil conseguir aprovação de projetos, porque a I&D também sofreu cortes. Os serviços para o exterior são difíceis de conseguir num contexto de crise, mesmo que os professores tivessem vocação para tal, o que não é o caso, salvo algumas excepções.
No antigo ECDU, quem não fizesse doutoramento tinha que sair. Havia sempre maneira de dar a volta, ou por passagem temporária a convidado, para depois ingressar novamente, ou por outra formas de aproveitamento de buracos na lei. A nomeação definitiva era algo que era praticamente automática. Com o RJIES procurou-se por alguma relevância na nomeação definitiva, mas em última instância cabe ainda aos professores catedráticos o ónus de dar um parecer positivo ou não o candidato. É uma responsabilidade muito grande para alguém que não tem necessariament funções diretivas, seja no departamento, seja no Centro de Investigação. Felizmente para a maioria dos professores, esta situação não se coloca porque já tinham passado antes da entrada em vigor do RJIES, uma vez que a UM já não é uma Universidade nova (ao contrário do que muitos ainda pensam).
Numa análise simplista, o RAD foi feito para permitir distinguir aqueles que merecem passar de escalão em primeiro lugar. Mas também prevê penalizar quem não atinge os mínimos, podendo até colocá-los na Mobilidade, ou seja no desemprego a médio prazo. No entanto, se as promoções nos escalões por mérito estão congeladas, também não é previsível que os "despedimentos" por "demérito" avancem. Não seria lógico.
Penso que sem possibilidade de despedir, o que vai acontecer é que vamos todos ganhar menos, duma forma ou doutra. Começou com os cortes nos subsídios de férias e de Natal, seguir-se-ão outros cortes no ordenado. É a maneira mais fácil dos governantes, sejam os nacionais ou os locais, de contornarem esta questão.

Um Bom 2012 para todos, dentro do possível, é o que eu desejo.

domingo, dezembro 25, 2011

O Natal dos hospitais

Todos os anos somos expostos ao programa Natal dos Hospitais, um programa em que artistas vários cantam para os doentes dos hospitais. Lembro-me quando era adolescente e a televisão estava a dar os primeiros passos, como este programa era seguido por muita gente porque tinha os melhores artistas portugueses. Passaram os anos e o que se nota é que os artista passaram a ser de segunda, com muita música pimba à mistura. Será que os doentes não merecem melhor? Já basta estarem doentes! Ocorre-me uma analogia que é a dos estadistas que em tempos zelavam pelos interesses dos povos. Nunca tivemos ninguém à altura de estadistas dos três maiores Países da Europa: um Churchill, e mais recentemente Margaret Thatcher, ou mesmo de um Miterrand ou de um Helmut Kholl. Mas tivemos, pelo menos no prestígio e na fama atingida a nível internacional, goste-se ou não do estadista, Mário Soares. Mesmo António Guterres e Jorge Sampaio foram reconhecidos internacionalmente ao ser-lhes atribuídos os mais altos cargos nas Nações Unidas uma instituição internacional de prestígio. Durão Barroso, à frente da Comissão Europeia, embora pouco tempo estivesse no Governo em Portugal, também é reconhecido internacionalmente pelo seu estatuto nesse lugar de elevado prestígio. Com eles seria mais difícil os poderosos “fazerem farinha” como diz o povo, algo que não se pode dizer de Passos Coelho em relação à sra. Merkle.
A analogia a que me referia é estando a economia "doente" quem temos de elevado nível para nos guiar por estes caminhos tortuosos e de futuro incerto? Artistas de segunda. Sem mencionar nomes, porque não os distingo no governo, são todos pobrezinhos de espírito, não havendo uma ideia, uma "tirada", uma diretiva que indique que alguém ficará para a história como os outros que mencionei ficaram, e ficarão (uns mais que outros). Só se for pelas piores razões, que sinceramente espero, e todos esperamos, que não aconteça.

Desejo a todos um Bom dia de Natal.

domingo, dezembro 18, 2011

Os estatutos da UM atrapalham a renovação de I&D?

Na sequência das opiniões manifestadas pelos grupos, e particularmente pelo grupo em que participei, ficaram por mencionar aqueles exemplos concretos que são específicos das áreas a que cada um dos membros pertence. No meu caso por exemplo, já disse aqui alguns exemplos que dizem respeito à Escola de Engenharia no que respeita a Departamentos. No que respeita a Centros de I&D penso que será mais no sentido de novas áreas que se devem orientar os nossos esforços. Áreas transversais como a Nanotecnologia são por demais evidentes como aquelas em que se devem congregar esforços e aproveitar a existência de diversos pequenos grupos em diversos departamentos e em diferentes Escolas, para se juntarem e desta forma conseguirem sinergias que doutra forma serão difíceis de atingir.
A Nanotecnologia é uma àrea emergente que tem sido descurada pela UM até há pouco tempo. Com a nomeação de um vice-reitor pro-activo neste sentido e de um pró-reitor com formação e especial apetência para esta área, o cenário mudou com particular relevo para cursos que arrancaram nesta área da nanotecnologia e com a participação da UM em projectos com outras entidades ligadas às Nanotecnologias, como o INL. Se não houver agora um movimento neste sentido, dificilmente haverá outro e perder-se-á o momento, que me parece propício.
Como os investigadores pertencem a Escolas diferentes, põe-se a questão dos estatutos da UM terem acomodado os centros dentro das Escolas, perdendo a flexibilidade que poderiam ter se não houvesse essa restrição. É altura talvez de rever esta e outras situações como esta, que deixam a UM amarrada de pés e mãos, muito por culpa de se ter entregue a elaboração dos estatutos da UM às Escolas, defendendo elas a incorporação dos Centros no seu seio.

sexta-feira, dezembro 09, 2011

A consulta em curso à comunidade académica da UM

Algumas notas ocorrem-me sobre a consulta à UM sobre a estratégia para o futuro da UM que está a decorrer até dia 14 deste mês.
A estratégia para a UM está a ser discutida por grupos escolhidos aleatoriamente. Estes grupos são constituídos por membros de diferentes departamentos e de diferentes Serviços. Este facto é positivo por ser uma garantia da abrangência do inquérito, mas pode também ser de difícil logística. No entanto, isto não é desculpa para os membros da Academia escolhidos não participarem naquilo que é uma oportunidade de transmitirem as suas ideias ao Conselho Geral para que este possa actuar de uma forma que pelo menos não vá contra o que a maoria defende. É a velha história dos referendos, com taxas de abstenção muito elevadas, por razões que não são evidentes. Os membros da UM têm que se mentalizar que se eles não se pronunciam outros o farão por eles, e que depois não poderão alegar que não foram consultados. Estão em causa grandes opções numa altura de crise e não se pode meter a cabeça na areia correndo-se o risco de se ser enterrado por ela.

sábado, dezembro 03, 2011

Meio mandato sem Fundação

O reitor fez um balanço positivo do seu mandato nos últimos dois anos, segundo entrevista à rádio universitária. Baseia-se na garantia da qualidade e na melhoria da gestão financeira. Quanto a aspectos ainda não conseguidos, refere obras não executadas nos campi por fala de verbas. Nem uma palavra sobre a passagem da UM a Fundação. Então não era esse o cavalo de batalha do reitor? Soubemos recentemente que o projecto Fundação foi adiado para as calendas gregas. Isto também não é uma obra que não arrancou? Que obras são estas tão importantes em Gualtar e Azurém que o reitor se está a referir que mancharam um pouco o sue mandato? Será a Fundação menos importante, quando na altura de se avançar foi objecto de uma defesa acérrima por parte do reitor? Certo é que não foi devido à falta de esforço por parte do reitor, mas sim pelas mesmas razões que as tais obras não avançaram: a crise. É curioso o que antes era fundamental para a Universidade agora nem sequer é mencionado quando se fala do mandato dos últimos dois anos... Ou será que ainda há esperança do processo de passagem a Fundação ainda arrancar mesmo depois do Governo ter decidido deferir para não se sabe quando esse projecto? Não creio. Já quando o reitor manifestou esse desejo no inicio do seu mandato, já se adivinhava que não era a melhor altura para embarcar em tal aventura, e muitos o avisaram. Não fez caso, mas agora também não o quer admitir. Claro que não por culpa dele, que bem se esforçou, mas de qualquer forma, é isso que distingue um bom líder/político dum que não o é, ou seja, ter ou não ter consciência do grau de sucesso de qualquer empreendimento em que se aposte. Talvez um reitor não tenha que ser nem líder nem político, mas que estas duas componentes são uma parte importante do perfil, disso ninguém tem dúvidas. E pelo menos um líder deve assumir as suas responsabilidades quando as coisas não correm como ele tinha previsto, nem que seja para admitir que "fez mal as contas" e que já foi extemporânea e tardia a sua entrada para "a corrida às Fundações".