quinta-feira, julho 28, 2011

A Quinta dos Peões vai a aprovação na Câmara sem consulta pública

A construção"Quinta dos Peões" (quinta em frente ao campus de Gualtar) vai finalmente arrancar, com aprovação do projecto na Câmara, segundo informação de NDNR. A UM vai colaborar. Resta saber como. Talvez os actuais responsáveis não saibam mas o que se disse na altura para minimizar os efeitos de ter uma parede de edifícios a tapar a vista da UM, foi divulgado no tempo do reitor Chaínho Pereira um acordo entre o Rodrigues Névoa e a UM que os edifícios altos, de apartamentos ou escritórios, ficariam a ladear a quinta, perpendicularmente à frente da UM, e que qualquer edifício em frente seria baixo, supõe-se que térreo. Chegou-se a falar nas instalações para a Guarda Republicana.
A memória é curta, e a estratégia de deixar passar algum tempo antes de construir parece estar a resultar para o(s) empreiteiros. Se a UM der o seu aval a algo que prejudique a fachada e a vista de e para os edifícios da frente, CP1 e CP2, cometerá outro erro, em cima dos que já foram cometidos desde o princípio de toda esta história, ou seja, desde o ponto em que o edifício poderia ter sido cedido à UM pelo Ministério da Agricultura e não o foi, por via de jogadas da Câmara em sintonia com os empreiteiros e com o beneplácito reitor dessa época, Sérgio Machado dos Santos.
É curioso como é no período de férias na ausência dos Professores, alunos e funcionários que surge esta tomada de decisão. É um assunto demasiado sério para ser resolvido no aconchego dos gabinetes. Como qualquer obra que influencia a vida dos cidadãos, deve ser submetida a consulta pública antes de se avançar para a construção. Mas como no caso da Fundação não houve uma consulta séria á Academia, neste caso nada faz supor que haverá. A não ser que haja um movimento nesse sentido que consiga sensibilizar as entidades públicas e privadas envolvidas no processo.

domingo, julho 24, 2011

A praxe estupidifica?

Numa entrevista a Rodrigues dos Santos transmtida ontem na RTP, Philip Roth explica que no seu livro "Exit Ghost" que o que ele quis transmitir foi o perigo das novas gerações deixarem em grande parte de ler livros. E explica que nem tão pouco é a culpa da internet, mas da falta da capacidade de concentração dos potenciais leitores de tirarem uma ou duas horas diárias para lerem um livro. Será mesmo o que vai acontecer?
O mundo é demasiado rápido para se perder tempo a ler? Por aqui, na Universidade, vemos que muitos dos jovens mal sabem escrever bem português quanto mais lerem um livro do princípio até ao fim e se é assim num meio que se afirma ser de cultura e saber, como será noutros meios? No meio industrial, comercial, rural? Os nosso alunos entram na Universidade, passam pela iniciação da praxe, gritam em altos berros obscenidades, frequentam um curso numa área restrita, têm uma vida social intensa (aqueles que têm) e saem da Universidade a saber o quê em cultura geral? O ensino secundário obrigou-os a ler um ou dois escritores portugueses para que pudessem passar o exame, o que não despertou o interesse pela leitura uma vez que foi uma obrigação. Entram para a Universidade e ficam a saber logo de início que o que interessa para ser um membro de pleno direito da sociedade estudantil universitária é o à-vontade na interjeição de obscenidades em frases feitas, por isso as gritam para se habituarem logo de início. Qual o incentivo para uma escrita e conversação correctas ao integrarem a sociedade um dia que acabam o curso? Como se poderão concentrar na leitura de um livro? Estarão pois condicionados quanto muito à leitura das revistas e jornais desportivos (os do sexo masculino) como já aqui referi.
Será como Philip Roth também afirmou na entrevista que a leitura estará restrita a uma elite cultural, tornando-se quase um culto?
Só o saberemos já tarde de mais.

sexta-feira, julho 22, 2011

O ECDU e a exclusividade são levados a sério?

Parece que o ECDU serve para os concursos e para pouco mais. Quando lemos no ECDU que os docentes devem leccionar, fazer investigação e actividades de gestão, compreendemos que todas estas actividades, umas mais que outras, não causam qualquer controvérsia. No entanto o artigo 4 na alínea c também permite que os docentes podem:
"Participar em tarefas de extensão, de divulgação científica e valorização económica e social do conhecimento".
O artigo 67 tal como no anterior estatuto determina que o pessoal docente de carreira exerce em regra em regime de dedicação exclusiva. As excepções estão referidas no número 5 do artigo seguinte: ajudas de custo e despesas de deslocação. No artigo 70 acrescenta-se ainda os direitos de autor e as actividades que decorrem de contratos entre a Universidade e empresas ou instituições.
No entanto há bastantes professores universitários que exercem funções noutras instituições, e alguns funções executivas seja em empresas como directores científicos ou em instituições de cariz social. Segundo o artigo 68 nem estas funções em empresas nem as instituições de cariz social fazem parte das excepções. Como é possível? Para além destas situações do conhecimento dos governantes da UM haverá muitas outras não declaradas.
Parece que o ECDU não é fiscalizado uma vez que pelo menos na Escola de Engenharia da UM deixou de ser obrigatório apresentar cópia do IRS e/ou uma declaração no sentido que o docente não exerce outra profissão. Porquê? Foi dada alguma explicação por parte da reitoria sobre esta dispensa?
A colaboração com a indústria ou com as empresas ou as instituições é importante para a função da Universidade. Se essas funções seguirem as regras, não forem remuneradas ou sendo-o são declaradas como PSECs, então tudo normal. Mas não o sendo o que é que o ECDU estipula? Nada menos que um procedimento disciplinar e a reposição das quantias auferidas.
Claro que esta é uma daqueles artigos que não são para cumprir, mais como uma ameaça até onde pode ir a sanção. Tudo normal num país em que os que não cumprem não pagam por isso. É como os crimes fiscais. Nestes anos todos de democracia só houve um afigura grada que foi presa, agora já em domícilio e muito em breve, cidadão livre (O.Costa do BPN).
A questão é a seguinte: se ninguém liga, porquê que se insiste? Se houvesse total liberdade de acção, até poderia ser que os Professores trouxessem de fora informações relevantes para o ensino, mas por exemplo engenheiros a exercer funções em instituições de cariz social não será propriamente o caso. Mas enfim,a tutela que assuma ao menos o óbvio e faça uma resolução circular na Universidade que estipule aquilo que já acontece: Não queremos saber o que faz lá fora e não lhe pediremos explicações nem terá que apresentar qualquer comprovativo. Ponto.

domingo, julho 17, 2011

Fundação ou a teoria da conspiração

Já aqui me debrucei sobre o RJIES introduzido pelo anterior Ministro da tutela como sendo um processo em que se perdeu representatividade aos vários corpos que compõem as Universidades. Percebe-se agora que o objectivo final era a passagem a Fundação. Ninguém deu nada pelo artigo no RJIES que preconizava tal transformação, e talvez fosse esse o objectivo. Se o Ministro fizesse um regulamento directo de transformação das Universidades em Fundações, haveria uma reacção contrária por parte dos Professores, funcionários e alunos de tal forma que ele teria que recuar. Assim, primeiro introduz um passo intermédio, o RJIES, que já tira muita representatividade aos membros da Academia, para posteriormente, uma vez instalado o RJIES, poder contar com os reitores na forja, que seriam simpatizantes do modelo Fundação. O reitor só teria que ter a maioria no Conselho Geral e não teria problemas de maior na aprovação deste desígnio. Não sendo obrigatório a consulta à Academia, seja por via do Senado ou por referendo, não haveria qualquer percalço no caminho traçado.
Pois é isso que está a acontecer nas várias Universidades. A Universidade do Minho foi a primeira, a de Coimbra com o novo reitor, substituído que foi o Seabra que era contra, seguirá também por este caminho. Juntar-se-ão às demais, Porto, Aveiro e ISCTE. Não tarda muito e o Instituto Superior Técnico e a Universidade da Madeira serão também Fundações, a julgar pelas notícias recentes.
O governo anterior tinha ministros que de socialistas só tinham a filiação mas de facto eram mais liberais (em termos de política económica e não nas ideias) do que muitos ministros do actual governo. O que dá muito jeito ao actual ministro porque o caminho para a liberalização do Ensino Superior está aberto.
Assim vai o comboio do Ensino Superior, indefectível nos seus carris até a paragem final, a Fundação.
Não haverá muitas formas de o desviar deste caminho a não ser uma paragem forçada por falta de combustível (os 50% que são requisitados para complementar o financiamento do Estado) ou uma inversão de marcha por o "timoneiro" entretanto ter sido substituído e o novo se recusar a trilhar por esta via.

sábado, julho 16, 2011

Feira de vaidades

Temos na UM duas publicações periódicas que publicitam as notícias da UM duma maneira geral. Uma tem o nome caricato de UMdicas, outra mais séria é a Universidade em Notícia, esta última via e-mail. Duma maneira ou outra, seja por divulgação gratuita da UM dicas ou por e-mail, todos temos acesso e é difícil não nos entrar pelos olhos adentro pelo menos a capa da UM dicas ou a página de rosto do Notícias quando a recebemos por e-mail. A qualidade da UM dicas é paupérrima, para não falar da publicidade patente, nem sequer disfarçada, aos dirigentes dos serviços sociais. A pretexto de qualquer evento do calendário, como o arranque do ano lectivo, ou mesmo sem qualquer razão, aparecem os dirigentes dos SASUM como entrevistados, com direito a fotografias dos entrevistados de dimensões que se vêm ao longe. Tudo isto no meio de notícias que até terão interesse para os alunos, como o desporto na UM, o que consiste numa promiscuidade intencional, pois atrai esse público para a leitura e, principalmente, para a tomada de conhecimento dos directores dos SASUM, da sua cara e das suas opiniões. Para além desta auto-promoção, há ainda a promoção da equipa reitoral. A ânsia de agradar a quem manda na UM, nomeadamente à equipa reitoral , é de tal ordem, que são constantes as entrevistas a toda a equipa.
Criticou-se muito o anterior reitor de ter terminado com uma publicação da UM, salvo erro chamada Jornal da UM e publicado pelo Curso de Comunicação, por não ser realmente alinhada com a reitoria, tendo sido a gota de água uma entrevista dum seu vice-reitor criticando de alguma forma a reitoria. Pois bem, porque não se retoma a publicação do dito jornal, uma vez que o reitor é outro e o vice-reitor é o mesmo? Seria pelo menos coerente com os acontecimentos de então e mostraria que esta equipa reitoral é diferente da anterior e promove o debate interno para além da informação promocional.
Outra publicação de que me interrogo é a da Universidade em Notícia, que embora não sendo do mesmo cariz promocional e não gaste dinheiro em papel, gasta com certeza muito tempo a quem o escreve. Começou por ser uma publicação sobre prémios e outros galhardetes conseguidos por professores da UM, o que em si não tem mal, e até promoveria a imagem da UM....se fosse lido fora da UM. Mas não! É dirigido à UM-net e ao interior da UM, referindo isso mesmo no título: "o que os media dizem de nós". Para quê? Para melhorar a auto-estima dos professores? Não se entende esta catadupa de notícias da UM, sendo muitas vezes mais reproduções de entrevistas de responsáveis da UM do que propriamente opiniões dos media sobre a UM, defraudando até as expectativas em que o título induz.
É certo que não havia nada do género com a anterior equipa reitoral e que o que o Gabinete de Comunicação e imagem da UM tem feito até seria de louvar. Mas foi-se do oito para o oitenta, e com tanta notícia banal, retira-se a relevância daquelas que realmente dignificam a instituição.

segunda-feira, julho 11, 2011

Carta aos e-mailers dos gelados

Estamos no fim do período lectivo e aproximamo-nos da “silly season”.
Só isso explica a quantidade de mensagens de e-mail a propósito de uma prova de gelados. Uma grande parte das críticas foram dirigidas tanto à aluna que enviou o e-mail com erros para toda a comunidade académica como para o professor que a criticou também enviando a crítica para toda a comunidade académica. É caso para dizer como alguns disseram: não têm mais nada que fazer? Já não falo de trabalhar, estudar ou investigar. Mas tão-só, se não têm outros assuntos em que possam gastar as vossas energias? Podiam por exemplo ler os estatutos da UM e fazer uma avaliação crítica, ou ler o ECDU no caso dos professores e verificarem quais são as actividades que fazem parte da profissão. Ou podem por exemplo ler um livro que aumente a sua cultura. É minha opinião que grande parte dos erros que os alunos (e alguns professores) cometem é porque não pegam num livro. Talvez leiam os jornais (desportivos na maioria no caso do sexo masculino) e lêem as legendas da televisão ou dos filmes da internet, mas ler um livro bem escrito em português não acredito que o façam. Dá muito trabalho - Muitas vezes ficam-se pelo título só para o meter numa conversa de amigos, mas isso era antes, agora nem o título. A internet substituiu a leitura. José Saramago, Lobo Antunes e outros autores conceituados não são lidos por esta nova geração. Lêem o Miguel Sousa Tavares, o Rodrigues dos Santos (o nosso Dan Brown), e outros que por aí que se servem do jornalismo para vender livros (embora o Miguel Sousa Tavares ao menos fez algum trabalho de casa sobre o livro de São Tomé , que serve de leitura para quem não é muito exigente). E o sexo feminino quase só lê romances da Clara Pinto Correia ou da Isabel Allende, as que lêem, porque maioria lê revistas côr de rosa com informação inútil sobre príncipes e princesas, ou artistas de telenovela.
Depois admiram-se da dislexia dos nossos alunos (sem ofensa para quem padece da doença) e de alguns professores?
Quanto ao mundo que nos rodeia e a outras culturas, nomeadamente a anglo saxónica, teriam muito a aprender se lessem Phillip Roth ou John Updike, ou John Coetzee. É uma lição de vida como tratar os seus semelhantes. Se alguns colegas os lessem saberiam como lidar com certas questões que minam as universidades, nomeadamente preconceitos entre alunos e professores.
Porque essa é que é a questão fundamental por detrás destes e-mails.

sábado, julho 02, 2011

Cursos pós-laborais

Em Azurém, cursos pós-laborais podem resolver um problema imediato de falta de alunos, mas a médio prazo a qualidade dos diplomados que saem destes cursos vai implicar uma desvalorização dos cursos e um decréscimo no número de alunos resultante da fraca credibilidade dos mesmos. O problema é que os alunos que trabalham não têm tempo para cumprir as suas obrigações e os professores não têm condições para leccionar. A componente prática é prejudicada funcionando os laboratórios a meio gás, sendo sempre difícil "negociar" os horários com os técnicos. Grande parte do complexo pedagógico apresenta aspecto desolador, com poucos utentes, muitas luzes apagadas e bares fechados. O facto de ser obrigatório fazer um intervalo para os alunos jantarem, atrasa o fim da aula, terminando às 22:00 horas, o que para alguns, professores e alunos, já é difícil de suportar, com a desatenção e o cansaço a contribuir para aulas mais ligeiras e com menos substância. São comuns os trabalhos teóricos como prova de avaliação, sendo a informação da internet a base de todos os trabalhos. Raramente há referências científicas, sendo o "brasileiro" a língua dominante, o que demonstra o quanto é copiado sem qualquer tratamento. Embora este problema da internet e da aprendizagem "Wikiquicky" não seja exclusivo dos cursos nocturnos, receio que os cursos pós-laborais só venham agravar esta tendência.