domingo, abril 26, 2009

Vale a pena votar para o Senado? E nas eleições Europeias?

Vêm aí as eleições para o Senado. Muitos estarão a pensar que não vale a pena uma vez que não é um orgão executivo da Universidade, mas sim consultivo. Podemos imaginar um paralelo com as eleições para o Parlamento Europeu. A abstenção é sempre elevada neste caso e imaginamos que também para o Senado será elevada.
Todavia, se encararmos as eleições Europeias como um teste ao apoio do partido do Governo, então as eleições têm outro interesse. Assim, podemos pensar similarmente que as eleições para o Senado serão um teste à lista que mais ligações teve com o passado da governação da Universidade do Minho e que acabou por ganhar (tangencialmente) as eleições para o Conselho Geral.
Ou não? Suponho que depende de quão forte é o sentimento de frustração de todos aqueles que nos últimos anos estiveram à margem (e são muitos) da governação e das benesses resultantes dessa governação.

sexta-feira, abril 24, 2009

A conclusão dos estatutos das Escolas e o género dos cooptados

Na semana que passou, muita tinta correu sobre a ausência de mulheres entre os membros cooptados e pouco se comentou os Estatutos da Escola de Engenharia. Começando pelos Estatutos, uma vez que é o que inspira menos comentários e deixando o mais picante para o fim, não me surpreendeu o que foi formulado, uma vez que como já tinha previsto, o essencial já estava decidido e só faltava preencher o texto com mais pormenor por baixo de cada título. Os Departamentos ficaram como estão e os Centros também. Era aqui que se poderia ter feito algo, mas não se fez. O resto já se sabia: Directores de departamento no Conselho de Gestão sem direito a voto, Directores dos Centros representados no Conselho Científico, eleições por listas para os diversos orgãos, etc. Não se optou por membros externos para o Conselho de Escola e essa decisão foi anterior a toda a polémica que entretanto veio para a um-net sobre os cooptados do C.G. É pena, uma vez que nas Engenharias seria muito útil a opinião de empresários e industriais sobre a empregabilidade nos cursos ou a relação Universidade - Indústria, por exemplo. Houve um acto singelo que me despertou a curiosidade que foi o e-mail enviado a informar que não se incluiria nos Estatutos a obrigatoriedade do Presidente de Escola ter exclusividade. É estranho que se tenha sentido a necessidade de estabelecer este grau de liberdade! Pelo menos assume-se que é necessário que fique claro entre ter ou não exclusividade, o que não acontece regra geral. Ao passarmos por gabinetes vazios em determinados departamentos, fica a sensação que essa exclusividade não existe em muitos casos, e no entanto não há a necessidade de a declarar. Porquê neste caso?
Quanto aos membros cooptados do C.G., o facto de não haver membros cooptados do sexo feminino atribuo a esse não ter sido um critério, uma vez que não estava especificado nos Estatutos. Mais do que essa "falha", suponho que ninguém ainda notou que os membros cooptados são personalidades ligadas à banca (sendo a banca um sector muito criticado pelo seu papel no despoletar da crise) á justiça (da qual ninguém se orgulha), á indústria (menos mal), na ciência temos alguém que virá de propósito dos EUA ás reuniões do CG, temos alguém que está ligado à Universidade Católica e ao Porto, e por último temos alguém ligado á cultura dum museu...do Porto. Nada mau. E ainda falam da falta de mulheres? Concordo mas também diria que temos falta de inspiração e de representatividade regional! Para colmatar estas lacunas, eu punha a Maria José Morgado na justiça, da banca não punha ninguém e talvez o substituísse pelo arquitecto Souto Moura (responsável pela muito do que se fez na recuperação do Centro histórico de Guimarães e pela obra de arte que é o estádio do Braga), um Matemático ou Físico português que esteja em Londres, Paris ou outro Centro Europeu de excelência como cientista (sempre é mais perto que os EUA), A Elisa Ferreira em vez do Braga da Cruz (embora seja candidata à Câmara do Porto fez mais pelo Vale do Ave onde o Pólo de Azurém está inserido que o Braga da Cruz no período que o antecedeu como Presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte), e na cultura alguém ligado ao Museu Alberto Sampaio de Guimarães, também ligado ao pólo de Azurém. Ao menos as sessões seriam de certeza mais animadas do que as que se adivinham com personalidades como o Laborinho Lúcio e o Braga da Cruz que, por muito mérito que indubitavelmente têm, não são conhecidos pelo seu magnetismo pessoal...

segunda-feira, abril 13, 2009

O Novo ECDU-proposta do Ministério

Pode-se ler no site da FENPROF a proposta do Ministério sujeita a discussão com os sindicatos do novo Estatuto da Carreira Docente Universitária (ECDU). A novidade está na forma como a estabilidade do emprego se altera e na avaliação dos docentes cada três anos, estando estas duas questões interligadas.

quarta-feira, abril 08, 2009

O novo estatuto da carreira docente: agora a avaliação é a valer

Segundo informação do Ministro Mariano Gago, as novidades principais não são propriamente novidades. Já abordei aqui que era previsível que fosse adaptado a progressão automática nos escalões de três em três anos, ao sistema das restantes carreiras da Função Pública que agora dependem de uma avaliação sujeita a quotas. O comportamento pedagógico e científico dos docentes deve ser sujeito ao escrutínio de um júri. Para muitos departamentos que não têm vagas, estas já sujeitas a quotas, esta é mais uma má notícia. Só uns poucos, previsivelmente 5%, terão excelente e poderão ser promovidos de imediato. Os outros terão que esperar. Por outro lado, se for como se prevê que também haverá medidas punitivas para quem tiver três avaliações negativas sucessivas, possivelmente a saída da docência, eventualmente para outras funções na Função Pública ou mesmo o despedimento.
Mas para quem como eu costuma ir à Universidade durante os períodos em que não há aulas, ao deparar com os parques automóveis vazios, verifica que a preocupação em fazer currículo por parte de grande parte dos docentes, não é grande. Ou será que só se faz currículo durante o período de aulas? Até no ensino secundário essa situação tem vindo a ser invertida, por força das novas regras. Os médicos já picam o ponto em muitos hospitais. Isto por abusos que duraram anos na assiduidade. Será que o Ensino Superior também precisa de novas regras para garantir a assiduidade?
Quanto à avaliação, no Ensino Superior a avaliação era constante na progressão de categoria, por haver muitas vagas. Com o ocupar das vagas ao longo dos anos, esse ritmo diminuiu muito. Mas os docentes precisam de ser avaliados para não se perder o dinamismo desses anos. Com esta medida, introduz-se novamente uma nova dinâmica nas avaliações. Na Escola de Engenharia fez-se durante anos a avaliação bienal, mas sem quaisquer consequências para os avaliados. Agora é trianual e é a valer. Vejamos se estamos à altura desse desafio nos nossos departamentos.

quarta-feira, abril 01, 2009

Não marcamos golos (2): Universidades falham processo de Bolonha

A propósito de um artigo no DN, também citado pelo blogue Universidade Alternativa que refere principalmente a forma apressada como foi implementado e o "corte-e-cose" que foi efectuado para passar cursos de 4 anos para 3 anos:

Os resultados da forma apressada como os cursos foram "adaptados" a Bolonha, talvez tenha sido pior para os cursos que passaram de 4 para 3 anos, porque aqueles que passaram a Mestrados integrados, mantiveram os cinco anos e pouco mudou, excepto o nome. Muitos dos cursos de 3 anos não têm, nem podem ter, a missão que lhes estava atribuida: conferir uma profissão ao licencado, muito como os Bachelor of Science do Reino Unido ou o grau conferido pelos "Colleges" dos EUA. Muito à maneira do desenrascanço e do "menor esforço", fazem-se reuniões para aparentar trabalho, projectos integrados que, salvo raras excepções, são tudo menos integrados, e inventa-se trabalho para os professores como seja a tutoria. Teoricamente até podia funcionar este esquema. Mas são várias as razões porque não funciona: Seja porque os alunos não trazem do ensino secundário a formação sólida que os ingleses e americanos trazem dos seus sistemas de ensino pré-Universitário, muito virados para a especialização. Seja porque as aulas práticas ou teórico-práticas desapareceram para dar lugar aos projectos, que de prático têm pouco mas antes mais de copy-paste da "internet". Seja porque falta uma sequência de disciplinas (agora UCs) que sustente as UCs dos últimos anos, por terem cortado muitas UCs do(s) primeiros(s) ano(s), consequência do encurtamento dos cursos de 4 para 3 anos.
Para finalizar, tudo isto é uma frustação enorme para muitos professores que acreditam e se aplicam a Bolonha, mas que se vêem envolvidos por esta realidade!