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domingo, fevereiro 25, 2018

Os dias da Universidade

Naquele que é o órgão oficial das notícias da UM, "O que os media dizem sobre nós", pode-se ler sobre o discurso do reitor no dia de aniversário da UM a seguinte frase: Reconhecendo o papel ativo das universidades no desenvolvimento do país, o reitor salientou que são depois negados os instrumentos necessários (sobretudo dinheiro) para a prossecução desse fim. "A Universidade do Minho tem práticas de gestão rigorosa, fiáveis e transparentes", não podendo, por isso, ser vista "com desconfiança". É intrigante esta mensagem que o novo reitor decidiu enviar ao ministério da tutela. Serão notícias recentes sobre os ajustes diretos que o fizeram transmitir esta mensagem ou seria só o facto de ao passar a Fundação, a Universidade terá mais liberdade do que antes na afetação de verbas e o que se pretende dizer é que não há que ter medo dessa passagem? Só o reitor saberá o que quis dizer, mas que se presta a várias interpretações, é aparente. O dia da Universidade tem sido pródigo em queixas e pedidos aos ministros. Era altura do dia da Universidade ser mais de comemoração da Universidade, do que se fez no ano que passou desde o é e menos de mensagens a ministros que já no passado com outros reitores soam a queixas. Os ministros devem saber que a UM tem relevância a nível regional e nacional e deve ser tratada como as outras, nem mais nem menos. Se há outras questões conjunturais, tais como mediáticas, que têm a ver com questões de atuação na gestão de verbas, que é só da responsabilidade dos órgãos que fazem essa gestão, e em última análise da reitoria, não da responsabilidade dos professores e dos investigadores que até têm contribuído para uma boa imagem da UM no que respeita à sua atividade científica e de relacionamento com as empresas e a sociedade em geral, não se deve penalizar os professores e investigadores com corte de verbas, mas sim exigir dos órgãos responsáveis por estes atos que se retratem. Em última análise, devia ser a própria Universidade a fazê-lo e arrumar a casa, e não fazer-se de virgem ofendida.

segunda-feira, abril 10, 2017

A Universidade sem rumo

Hoje, ao contrário de "ontem", a Universidade parece que deixou de ser um lugar de altos desígnios, em que o saber, a diplomacia e a solidariedade, pelo menos no trabalho conjunto para melhorar o ensino, eram consensuais entre os Professores. Há grupos que o RJIES veio ainda acentuar a sua inconsequência, como é o caso dos funcionários. Limitados a um representante no Conselho Geral, encostados pelos Professores a lugares de cada vez menos relevância, deixando um vazio na gestão diária da Universidade. Outros grupos no outro extremo que são os Professores Catedráticos, uma minoria, que devido a uma organização de "pirâmide invertida" de suposta democracia, baseada nos votos de uma maioria dos que se acomodaram ao longo dos anos, permanecendo num patamar cómodo de nível de Professores Auxiliares e Associados, não evidenciando vontade de subir de categoria por razões que talvez se prendam com a desvalorização salarial e de direitos que sofreram nestes anos de crise os do topo da carreira. O argumento para haver um verdadeiro leque salarial de forma a incentivar quem quer subir na carreira, com maiores ordenados e responsabilidades no topo, é um argumento que outras profissões usam, tanto nas forças armadas como no sindicato dos juízes, e que tem sido aceite pelos últimos governos, mas que no que diz respeito ao Ensino Superior tem ficado na gaveta, muito por culpa da falta de reivindicação dos sindicatos neste sentido. Estes preferem defender por exemplo que Professores Auxiliares convidados sejam integrados sem qualquer concurso nos quadros das universidade e principalmente nos politécnicos. É corporativismo nivelado por baixo, igual ao dos polícias, guardas da GNR, magistrados entre outros, em que se defende a maioria sem defender o mérito. No caso dos funcionários da universidades, o que se procurou resolver pelo mérito, através de avaliações com base em quotas de excelente, deu azo a muitas injustiças, uma vez que ao contrário do que acontece com os Professores com júris constituídos por especialistas e membros externos, são júris constituídos maioritariamente por Professores, sem conhecimentos para avaliar funcionários com tarefas que desconhecem, e portanto são vulneráveis a influências várias, vindas normalmente de cima, uma vez que pensam que o que distingue os funcionários de uma maneira geral não é nada de mais e que nada de mal vem a este mundo se quem for promovido não será porventura o mais capaz. Penso que há muitos anos, sem SIADAP se faziam as coisas de maneira diferente, sendo que para se ser técnico superior ou diretor de serviços era necessário pelo menos a licenciatura e alguma experiência na área. Agora, o novo regulamento e a autonomia da universidade permite que qualquer uma seja promovido, sem qualquer destes requisitos, para estes lugares que teriam influência no funcionamento da universidade e que desta forma serão lugares que não serão consequentes, mas que terão um gasto para a universidade que poderia se melhor empregue, nem que fosse numa empregada de limpeza. Bem vistas as coisas, tudo se conjuga para aquilo que se espera provar, pelo ministro da tutela, em parte mentor do RJIES e do regime fundacional, e por outros que defendem o regime fundacional, que nada que vem aí com este regime pode ser pior que o que temos agora, que é péssimo, e que as contratações e promoções por esta via poderão até ser mais justas que as que foram nos últimos anos com o RJIES e o SIADAP.

domingo, fevereiro 12, 2017

Revisão dos estatutos da Fundação UM

As eleições para o Conselho Geral estão à porta e já se adivinham algumas das listas que se vão candidatar. Duas já se manifestaram, a da Universidade Cidadão e uma formada e apoiada pelo ex-Vice reitor Vieira de Castro. Esta última notícia foi divulgada na sequência da demissão de Viera de Castro do cargo de Vice-Reitor, o que é estranho, uma vez que é o Conselho Geral que elege o reitor, sendo certo que qualquer candidato de qualquer universidade se pode candidatar, obviamente em desvantagem em relação a um membro de uma lista maioritária do Conselho Geral. Não é inédito, uma vez que já aconteceu no passado, com o reitor a apoiar a lista que ganhou o Conselho Geral e que por sua vez o elegeu. É mais um incongruência do RJIES. Mas de acordo com o atual reitor, numa interpelação que fiz numa sessão recente de discussão da revisão dos estatutos da Universidade do Minho, o RJIES não está à discussão, nomeadamente no seio do governo, sic. Pensava que tudo o que não está bem estivesse sempre em discussão, mas pelos vistos o que não é discutido no seio do governo ou não é divulgado pelos media, não existe, por isso essa discussão não existe. Portanto, todos os posts que escrevi e outros artigos que outros escreveram sobre o RJIES são pura e simplesmente inexistentes. Estamos conversados. Quanto à Fundação, não foi mencionada nessa apresentação da revisão dos estatutos o que é estranho uma vez que foi a causa principal da necessidade de rever os estatutos ou já o tinha sido numa revisão anterior. Na Revisão apresentada, que admito foi um trabalho voluntário e árduo efetuado pelos membros do Conselho Geral, e como foi referido não foi fácil o consenso para se conseguir os dois terços necessários à sua aprovação, na minha opinião talvez se tenha do demasiado ao pormenor naquilo que não é essencial à instituição, como o Senado, que afinal é um órgão consultivo ou o reforço de órgãos como o Conselho de Ética e o cargo de provedor, e debruçaram-se pouco sobre os aspetos mais importantes nesta mudança tão radical que é a passagem a Fundação. Outras alterações, estas mais relevantes, foi a formação de Unidades Orgânicas de Investigação, sendo que a única para já é a do I3Bs. Esta unidade saiu da alçada da Escola de Engenharia e tornou-se autónoma o que seria de esperar, dada a sua dimensão e o facto de ser quase exclusivamente uma unidade de investigação, daí o seu nome. Mas voltando à Fundação. Aparece nos estatutos, por exemplo, que a UM pode agora contratar pessoal segundo moldes "empresariais", sem necessidade de concurso, como até aqui. Sendo de direito privado, já se esperava que assim fosse. Mas até que ponto? Como é que se conjuga por exemplo, o peso da contratação segundo moldes empresariais, com a contratação segundo os moldes até aqui que foram regidos pelas regras da Função Pública? Ou todas as futuras contratações, funcionários e professores, serão de acordo com as regras empresariais ou de instituições privadas? Não sabemos nem podemos adivinhar. Pelos vistos está tudo em aberto e ao arbítrio do futuro reitor. Os estatutos não são claros quanto a este ponto. Não quantifica, só refere que é possível coexistirem os dois modelos. Veremos se é.

domingo, janeiro 15, 2017

Trabalho de graça na Universidade dá jeito

Foi o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, à televisão argumentar que é normal aulas dadas por professores sem salário, algo que foi denunciado pelo sindicato dos professores. O Presidente do CRUP e simultaneamente Reitor da UM também foi entrevistado afirmando ipsis verbis o mesmo que o ministro, talvez mesmo antes do ministro o fazer, mostrando uma sintonia óbvia num interesse comum: poupa-se dinheiro. Dizem que "lá fora" é assim. Mas será? E se for, porque não copiamos o que é positivo e não o que é negativo? Mesmo que estes professores sejam na realidade investigadores pos-doc ou outros investigadores, a fazer doutoramento, não está previsto no ECDU, sendo grave que tanto o ministro como o Presidente do CRUP contornem a questão com afirmações vagas de que "também se faz lá fora". Outras atitudes previsíveis deste ministro, é a defesa do RJIES como sendo o melhor regulamento jurídico que as Universidades já tiveram. Isto a propósito da Autonomia das Universidades e de uma questão do entrevistador sobre se as universidades não teriam demasiada autonomia e por isso situações como esta de trabalho de graça continuariam a ocorrer. Lembro-me dos monitores, do anterior regulamento das Universidades, em que não sendo do quadro, estes recém-licenciados poderiam lecionar, nomeadamente aulas práticas ou teórico-práticas e ..eram pagos! Não foi só isto que o atual regulamento piorou como já aqui tenho argumentado na sua pior vertente, ou seja a Fundação. Também há a possibilidade de contratar professores convidados, o que poderá ser interessante em cursos tecnológicos, alguém com experiência industrial, mas tem sido usado para contratar recém-licenciados que não entram pela via do concurso por não ser possível abrir concurso, devido ao congelamento de vagas, e que pode até servir para facilitar a estes professores um currículo que lhes vai dar vantagem e concursos futuros, alegando experiência na área. Esta tem sido denunciada como uma prática de endogamia nas universidades portuguesas. Ao trabalhar de graça, ainda melhor, porque a os professores interessados em manter os seus orientandos e levá-los a serem professores, poderão desta forma fazê-lo sem obstáculos de ordem financeira por parte da universidade. É lamentável ter o ministro e o Presidente do CRUP a apoiar estas situações, mas quando se está num estado de apatia geral por parte da academia, com algumas exceções de denúncias esporádicas por parte dos sindicatos, é natural o à-vontade por parte dos dirigentes do ensino superior em justificar tudo, mesmo aquilo que não é justificável.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Um Ano Novo no Ensino Superior para refletir

Entramos em 2017 com esperança de uma vida melhor, como acontece todos os anos. No que toca ao Ensino Superior, no entanto, pouco ou nada deve mudar. A julgar pela determinação do ministro e das Universidades, o RJIES continuará a regular o governo da Universidade e o modo de eleição que determina o seu governo. Há que refletir se o exemplo dos últimos 10 anos de RJIES veio melhorar alguma coisa. Já para não falar da passagem a Fundação que esperamos ainda para ver. No que respeita aos alunos do ensino superior, continua tudo na mesma: vamos ter o mesmo número total de alunos, ou menos, e com menos saídas profissionais, o que deveria servir para fazer uma reflexão da adequação da oferta de curso na UM. Os alunos continuarão a fazer praxes fazendo perder o tempo precioso de arranque dos estudos no início do ano, e fazendo perder a paciência aos professores mais sensíveis a estas práticas (incluo-me nesse grupo). Farão ainda as suas festas de receção ao caloiro e de enterro da gata, apoiados por subsídios da UM que não serão contabilizados de uma forma rigorosa temendo-se que será dinheiro desperdiçado, melhor empregue em coisas mais relevantes para o seu futuro. Mas se os alunos são apoiados pela UM nas suas atividades, a UM não recebe em troca qualquer contrapartida. Pois se a UM e outras Universidades já se manifestaram contra o exercício das praxes, não seria de os alunos, através da sua associação de estudantes, com parte do subsídio que recebem da UM encontrar outras formas de integrar os caloiros? Ou com a sua integração em grupos de interesse em diversas atividades, desportivas ou não. Seria pedir muito que fossem atividades culturais, como por exemplo debates sobre a atualidade? Ou atividades de solidariedade? Ou atividades dedicadas ao ambiente? Afinal não será só a Universidade a quem os alunos devem dar de volta algo, também à sociedade que paga os impostos para eles poderem estudar (as propinas não pagam a totalidade do seu ensino e há ainda a considerar as bolsas que muitos recebem). Não será que os alunos também precisam de refletir sobre o que tem sido os últimos anos de desperdício do seu tempo (em praxes nomeadamente)? Sinceramente, espero que todos reflitam neste ano de 2017 sobre estes assuntos (eu já o faço desde 2008 neste espaço de divulgação de pensamentos)!

domingo, dezembro 11, 2016

A Universidade Pública em perigo na UM?

Finalmente o sindicato, neste caso a FENPROF, pronuncia-se sobre a alteração do estatuto de Universidades para Fundações de direito privado. Argumenta que o Ministro era defensor da Fundação quando secretário de Estado e esteve na origem desta forma estranha e hibrida de governar as Universidades. Por isso agora como ministro incentiva essa mudança por parte das Universidades que tenham as condições para o fazer. João Cunha e Serra da FENPROF argumenta que as Universidades não podem fugir da contabilidade pública, apenas conseguindo "mexer" no imobiliário, que foi o que fez o ISCTE com negócios pouco claros no que respeita à função duma Universidade, tais como a compra de um hotel. Já aqui neste espaço foi alertada esta vertente das Fundações (último post, Universidade Aberta?) em relação ao que pode acontecer com a UM, não servindo a Fundação para muito mais do que enveredar pela especulação imobiliária. Numa cidade como Braga, conhecida pelos escândalos nesta área, esta possibilidade que agora se abre à Universidade é preocupante para a tranquilidade do ensino público. Há sinais que será uma realidade em breve, havendo muito por onde escolher: para venda, o edifício do Castelo no centro da cidade, pertencente à UM. Para obras, talvez aquelas que estão planeadas na Quinta dos Peões, que terão como cliente a Universidade (Associação dos estudantes, sala de Conferências, etc). Os milhões prometidos às instituições que passaram a Fundações, argumenta João Cunha e Serra, nunca foram transferidos. Não houve benefício para essas Universidades. Por isso não se pode argumentar que é essa a razão da passagem a Fundação. Defende João Cunha e Serra que o Conselho de Curadores, que efetivamente é quem tem a última palavra sobre a estratégia da Universidade, não defenderá o interesse público, dada a sua composição por personalidades externas à Universidade, algo que também já referi no post anterior (Universidade Aberta?). Ainda há tempo para a Academia se pronunciar sobre o caminho que já está definido e que vai a votos no Conselho Geral esta semana, aparentemente amanhã, dia 12. Fazendo com que um novo Conselho Geral com uma outra visão sobre a Universidade pública seja eleito nas próximas eleições, será um caminho possível. Será difícil motivar professores, como sempre, por diversas razões, algumas também afloradas no último post, mas com o risco que todos correm com a contratação de professores fora do Quadro que concorrem com os que cá estão, com a possibilidade de nomeações ad-hoc para os mais diversos serviços de que dependem os professores, privatizando-os efetivamente, deveria ser suficiente para motivar os professores a defenderem nomeadamente os seus direitos consagrados no ECDU, sem a concorrência de regras de contratação sem restrições que o regime Fundacional permite, e recusar um modelo híbrido público-privado que não se conhece ainda os seus contornos, mas que á partida já se sabe que em nada os beneficiará. Aliás, a Fundação vai em frente sem uma auscultação à Academia, o que devia preocupar os professores. A eleição de um Conselho Geral que defenda a Universidade Pública pode ser um primeiro passo de retrocesso neste processo aparentemente imparável de mutação do público para o privado. O atual reitor sempre fez campanha pela Fundação conseguindo o que queria. Outro reitor poderá inverter essa tendência desde que tenha a apoiá-lo um Conselho Geral que também defenda a Universidade Pública. Nunca é demais dizê-lo: Universidade Pública ! Isso é o que somos e queremos continuar a sê-lo, sem outros objetivos, sejam imobiliários ou outros, que não seja a defesa do Ensino Público.

domingo, novembro 27, 2016

Universidade Aberta?

Informa o Conselho Geral que vai apreciar (e votar?) no dia 12 de Dezembro a proposta de Estatutos da UM, que vem na sequência da passagem a Fundação, e que já foi analisada em 21 de Dezembro e que serão consideradas em reunião da "Comissão Especializada de Governação e Assuntos Institucionais" em 6 de Dezembro para voltar de novo ao Conselho Geral. É caso para dizer, se já houve debate e sugestões, porque não publicitam o que foi discutido em Conselho? Afinal já tivemos reuniões abertas do Conselho Geral e transmitidas na rede UM, de outras reuniões que não teriam a relevância desta. A passagem a Fundação, embora da competência do reitor e Conselho Geral, não poderá ficar nas mãos de meia dúzias de sábios, sem auscultação da Academia, ou poderá? Ficará sempre a ideia que foi tudo negociado em segredo e de acordo com a maioria vigente, afeta à reitoria também vigente e em final de mandato. Uma passagem a Fundação deveria pelo menos ter obrigatoriedade de votação com maioria absoluta, para evitar que fique de acordo com uma maioria simples que amanhã pode ser uma minoria. Quaisquer estatutos só passam com maioria absoluta. Nem isso a Academia sabe se vigorará ou não. Para que servem comunicados deste género do Conselho Geral em que nada se diz exceto sobre a data e agenda da próxima reunião? Talvez para nos dar a sensação que está tudo a correr de uma forma democrática. Mas sem informação não há democracia. A Fundação dá uma liberdade aos governantes da UM que até agora nunca tiveram no regime de instituição pública com regras iguais a outras instituições públicas. Podem fazer do dinheiro o que muito bem entendem, sem restrições de maior, a não ser uma filtragem de curadores que também são membros externos à Universidade e não pertencem a instituições públicas, por isso podem decidir a seu belo prazer, numa ótica de mercado. Nem sequer são Académicos, sendo personagens do mundo empresarial ou político. Pode não haver nada de diferente por uma questão de bom senso dos nossos governantes universitários, mas pode também haver um reitor ou Conselho Geral, ou ambos, uma vez que o reitor é eleito pela maioria do Conselho geral, que decidam pôr-se a inventar e desatar a contratar gente a mais, sem concursos, portanto permeáveis a cumplicidade, como o fizeram nos hospitais público de gestão privada, os partidos políticos vencedores da eleições não há muito tempo atrás (os boys), um regime muito parecido com o que a Universidade vai ser no que respeita ao seu governo. Tenho receio que este tipo de governo Fundacional presta-se a isso. Quem pode filtrar tais desmandos? O Conselho Geral será afeto ao reitor por defeito do RJIES, os curadores estão longe do dia a dia da UM e por natureza são permissivos, e o resto da Academia vota de quatro em quatro anos, quando o mal já está feito. Claro que contratações não podem ser revertidas facilmente. Promoções também não. Só vejo uma saída, o orçamento ser sempre escrutinado em pormenor e votado por maioria absoluta no Conselho Geral. Temos ainda o património a vender e a comprar. As instalações do Castelo, cobiçadas pela sua localização, serão vendidas por quem? Pelo Conselho Geral? Pelo reitor? Pelos curadores? Quem trata do negócio? E a quinta dos peões, finalmente perdem a vergonha e avançam com a construção dos "equipamentos" (Associação dos estudantes, sala de congressos, etc), de forma a tapar completamente a frente da UM em Gualtar? Estão muitos empreiteiros à espera destas oportunidades. A progressão na carreira dos professores será paralela à contratação de outros professores fora da carreira e que poderão auferir mais que aqueles que trabalham há anos na UM? Tudo é possível, se a UM estiver nas mãos erradas. Claro que há os aspetos positivos do regime Fundacional que se poderiam alcançar com uma equipa competente e que tenha uma visão de futuro e não temporal para a UM. Será que existe tal equipa depois de tantos anos de domínio de um grupo de professores e alunos que sempre planearam e conseguiram o poder dentro da UM? Infelizmente penso que não, que é como o eucalipto, tudo secou à volta deste grupo que se autorregenera de geração em geração.

quinta-feira, junho 23, 2016

O RJIES, a Fundação e o sistema (pouco) democrático de eleição dos orgãos de poder

Passado alguns anos de implementação do RJIES, e dos estatutos da UM, é de estranhar que não haja maior discussão das vantagens e desvantagens destes estatutos na vida e funcionamento da Universidade. O RJIES foi talvez dos regulamentos mais discutidos mas sem ter beliscado o fundamental do regulamento. Não se nota grande aclamação do RJIES pelos universitários ao longo destes anos. Pelo contrário. No caso dos funcionários, logo desde o princípio houve uma reclamação, que não foi atendida, de só terem um lugar no órgão máximo de governo da Universidade, o Conselho Geral, composta por 25 elementos. Sempre achei que tinham razão por me parecer um medida elitista. Por outro lado, a experiência mostrou que o Conselho Geral é dominado por uma maioria, oriunda de uma lista que ganhou as eleições, e que uma vez no poder, dificilmente outros que não fizeram parte dessa lista terão influência nas decisões. Este sistema funciona num quadro político, como num parlamento ou assembleia, mas não é benéfico para a instituição por não haver forma de controlar o que provém da reitoria. Curiosamente é definido pelo RJIES que é o Conselho Geral que define a estratégia da Universidade. Todos percebemos que não é assim. O reitor, apoiado pela lista que o elegeu, é que define a estratégia. O Conselho Geral poderá ter comissões para tratar dos detalhes, mas as linhas gerais, são definidas pelo reitor. Outro aspeto já muitas vezes focado aqui neste "expositor" pessoal, é de que o RJIES transformou uma democracia direta numa democracia indireta, uma vez que o reitor não é eleito por todos os membros da Academia, mas por uma espécie de colégio eleitoral, ou seja o Conselho Geral, que até já tem o candidato escolhido aquando da formação das listas. É por demais evidente, que o espírito do RJIES ao permitir qualquer candidato a reitor, desde que seja Professor Catedrático, e até encoraja a que seja de fora da Universidade em questão, é totalmente falseado ao ter candidatos já pré-definidos aquando da candidatura das listas, sendo que o reitor é um apoiante, declarado ou encapotado, de uma das listas. O mesmo sucede nas Escolas, que á imagem da Universidade tem um Presidente e um Conselho de Escola, que terão as mesmas funções que o Reitor e o Conselho Geral à escala de uma Faculdade. Com a Fundação pouco muda no que se refere à eleição do reitor ou dos Presidentes de Escolas/Faculdades. No funcionamento da Universidade haverá algumas alterações, como seja a figura dos curadores, que segundo se percebe vão controlar a Universidade no que respeita à sua estratégia orçamental. Por estas razões, sendo Fundação ou não, ficamos nas Universidades na mesma no que respeita à eleição dos órgãos de poder, sujeitos a lobbying por parte de quem já governa, ou seus parceiros, durante o período de campanha eleitoral para a formação as listas, com a agravante deste lobbying ser efetuado por quem já tem o poder o que o torna opressivo para quem é abordado. Com uma democracia indireta, baseada num Conselho Geral que se comporta como um colégio eleitoral, é inevitável que assim seja.

domingo, janeiro 03, 2016

Uma Fundação para servir a região

No final do ano entrou em funções o novo governo, e quase de imediato confirmou a passagem da UM a Fundação. Foi uma prenda de Natal para o reitor António Cunha que sempre defendeu a Fundação como forma de governo da universidade. Não só pela maior flexibilidade na gestão, por ser uma gestão mista privado-pública, com a possibilidade de contratar professores escapando ao controlo do Estado que congelou as contratações na Função Pública há anos, e não parece alterar essa sua posição, mas também por poder adquirir e vender imobiliário sem ter que passar pelo controlo da tutela e talvez nem do Tribunal de Contas. Essa parte nós compreendemos e até podemos beneficiar tanto com as contratações como com a aquisição de edifícios, desde que ambas sejam necessárias. Não precisamos nem de contratações desnecessárias nem de edifícios de fachada, sem uma função nobre, digna de uma Universidade que ombreia com as maiores universidades portuguesas. Desde que não enveredamos por novo-riquismos no imobiliário, nem em contratações sem objetividade. Seria uma oportunidade perdida. Se por outro lado se apostar em novas valências, sejam cursos virados para as necessidades da região, sejam infraestruturas para Centros de I&D de Excelência que tenham um percurso de apoio à indústria da região, e para, por exemplo, alojar empresas spin-off que emanaram da UM, aproveitando os espaços disponíveis no Avepark por exemplo, então já é, na minha perspetiva, uma evolução no sentido positivo. A UM deve mostrar a diferença em relação a outras Universidades, por estar no meio de uma região de pequenas e médias empresas, PMEs, na sua maioria indústrias transformadoras de setores tradicionais mas também nichos de excelência em eletrónica e software. Menos conhecido é a evolução em empresas de produtos bioativos, que quando desenvolvidos em têxteis, potenciam as indústrias tradicionais como a indústria têxtil. Outra área de interesse serão as indústrias a montante da indústria têxtil, tais como a indústria de corantes e de produtos auxiliares têxteis, quase na totalidade importados. O que fica no País, depois dos gastos nestes produtos, é muito pequeno para o que poderia ser se houvesse uma maior integração de produtos portugueses no artigo final têxtil. É preciso portanto que a Universidade aposte em novas indústrias de apoio às indústrias existentes, nomeadamente empresas a montante. Mas também é preciso que a Universidade invista em apoio à Gestão dessas empresas, que carece de uma lufada de ar fresco, muitas ainda nas mãos de famílias conservadoras eoutras nas mão de gestores de fundos de capital de risco, que não entendem nada de gestão de empresas transformadoras, tais como empresas têxteis. As humanidade são também importantes nas áreas que são muitas vezes menosprezadas na indústria mas que tanta falta fazem. Por isso noutros países os gestores têm muitas vezes outra sensibilidade por serem formados em áreas "soft" como línguas, psicologia, filosofia entre outras. O que não precisamos é mais do mesmo, com investimento nas mega-áreas existentes na UM, que já deram mostras de viverem à custa de projetos que mais não são que o suporte a bolseiros e investigadores que não estão inseridos nas áreas existentes no tecido empresarial do norte de Portugal, nem sequer do país, mas que estarão numa ilha sem pontes para esse mesmo tecido empresarial. É preciso criar estas pontes, e se a Fundação o fizer, que seja bem vinda.

sábado, outubro 10, 2015

Então e a Fundação?

O Governo terminou funções, tendo terminado a sua legislatura, e ficaram por fazer algumas medidas anunciadas, nomeadamente a passagem a Fundação da Universidade do Minho. É caricato que por duas vezes isto acontece. Primeiro foi quando caiu o governo do partido socialista e o processo de passagem a Fundação estava em curso, com o então ministro da Educação entretanto falecido, Mariano Gago, ficou suspenso. Com a entrada em funções de novo governo, o ministro da Educação e Ciência Nuno Crato, abandonou essa ideia de novas Universidades-Fundação, sendo a sua nova política virada para outra forma de autonomia através de uma prometida reforma do ensino superior, que não se chegou a concretizar. Talvez por essa razão, à última hora o ministro decidiu dar o dito por não dito e voltar ao processo de transformação em Fundação dos processos em curso, nomeadamente o da Universidade do Minho. Só que, mesmo com a pressa e de se reiniciar o processo durante o período de férias, o que apanhou muita gente desprevenida, a Universidade do Minho não conseguiu que o ministério fosse a tempo de concretizar essa medida. É caso para dizer, que não há duas sem três, pois adivinha-se que o governo não vai ter a anuência do PS para esse fim, ou pior, o novo governo será outro, formado entre PS e partidos de esquerda, e então é que não vai mesmo para a frente a Fundação, a julgar pelas declarações desses partidos sobre este assunto mesmo antes das eleições. O reitor, atual ou futuro, bem pode esperar por mais uma legislatura, sem pressas, estudar e divulgar bem os prós e contras da passagem a Fundação, e nessa altura se a UM passar a Fundação que seja com a aprovação de uma larga maioria da academia.

sábado, setembro 12, 2015

A caravana passa

Foi aprovado na última reunião do Conselho Geral da Universidade do Minho a passagem a Fundação. Tal como previ neste sítio há duas semanas atrás era isso que iria acontecer. Por acaso surpreendeu-me a margem mínima de vantagem, 12 votos a favor e 8 contra, o que já pode ser um sinal de que, feitas as contas do número de fiéis da lista de professores que apoiou António Cunha para reitor presentes no CG, poucos mais votaram a favor: nem o membros cooptados, nem os alunos nem a representante dos funcionários. É um sinal muito significativo do descontentamento de muitos membros da Academia, principalmente representados pela outras duas listas que estão representadas no CG, com destaque para o movimento NDNR, Novos Desafios Novos Rumos,que se insurgiu na UM-net contra a forma como todo o processo foi conduzido, à última hora e à pressa sem consulta prévia à Academia mas também contra a passagem da UM a Fundação, uma forma de governo da universidade que também eventualmente não agrada à maioria dos membros da Academia. Talvez seja esta posição da Academia que fez com que o reitor não tivesse hà mais tempo colocado à Academia esta questão, tão importante para o futuro da UM, com receio que viesse reprovada. Pode o reitor refugiar-se nos estatutos da UM que não prevêem "referendos", mas haveria outras formas de consultar a Academia. Por exemplo através de votação mo Senado, nos Conselhos de Escola, nas próprias sub-unidades (Conselhos de departamento, Centros de Investigação). Haveria muito por onde escolher. O que é certo é que após tantas mensagens de rejeição da passagem a Fundação e da forma como o foi feito, da parte de movimentos representativos dos docentes e funcionários, do sindicato do ensino superior, entre outros, o reitor enviou uma mensagem curta e factual: que já tinha sido discutido no Conselho Geral há muito e que por isso não havia mais nada a dizer. Quero, posso e mando ou seja, como quem diz: "os cães ladram, mas a caravana passa".

sábado, setembro 05, 2015

Catch 22 situation

A Universidade do Minho passará a Fundação muito em breve, de acordo com as últimas informações, uma das quais do reitor. Não seria tão mau assim, se não fosse o facto da instituição estar há muitos anos nas mãos de uma "dinastia" que atua como se a UM fosse a sua quinta. Começando pelo topo, o reitor atual foi sancionado e apoiado pelo seu antecessor. O anterior já o tinha sido pelo seu antecessor e assim sucessivamente. Pode-se dizer que é o que a distingue das outras Universidade mais antigas e maiores, que se regem pelas regras da alternativa. Com a Fundação, a mesma "gente", desde os órgãos dominados pelos professores, começando pela reitoria e Conselho Geral e acabando nas Escolas e sub-unidades orgânicas, e os órgãos dominados pelos funcionários do "regime", nomeadamente os SASUM e os diretores dos serviços, muitos nomeados pelo reitor, atuarão da mesma forma, promovendo os do seu grupo restrito, e deixando para trás os outros. Como se chegou a este ponto? Principalmente devido à inércia dos membros da Academia ao longo dos anos. Deixam para um grupo muito ativo de pessoas, conhecidas aliás por todos, a "política", porque estão ou apáticos ou demasiado envolvidos nas suas atividades letivas e de investigação. Também durante muito tempo não havendo o risco de casos mais graves para os professores, tais como despedimento, ninguém se incomodou com essa situação. Agora que se desenha no horizonte um maior risco para os próprios, como o despedimento ou a possibilidade de ficarem para trás irreversivelmente, não sendo promovidos, já soam as campaínhas de alarme. O reitor já iniciou o "emagrecimento" da instituição, forçando o despedimento ou a diminuição de horas até ao insignificante, a professores sem vínculo, em unidades orgânicas onde os há em maior número, como sejam os leitores nas humanidades. O RJIES permite extinguir serviços deixando em aberto o que acontecerá aos professores. No caso dos funcionários, é certo que os funcionários públicos não podem ser despedidos, e continuarão a manter esse estatuto mesmo com a Fundação. Mas há a possibilidade da mobilidade para aqueles que não tiveram excelente ou muito bom, e como muitos funcionários tiveram excelente na avaliação do SIADAP não devido às suas qualidades mas devido à fragilidade do sistema que permite que um júri, controlado por membros nomeados pelos do "regime", premeie os funcionários que entender e arranjam as justificações de acordo com os objetivos que eles próprios delinearam, os mais expostos à mobilidade serão os outros mesmo que sejam competentes. Assim é e sempre será no funcionalismo publico quando minado por uma hierarquia instalada demasiado tempo nos lugares de topo. Em democracia parlamentar, pelo menos há um votação direta para acabar com esta situação. No Ensino superior houve quase sempre um filtro, e agora há mesmo um colégio eleitoral, o Conselho geral. Voltando ao princípio, se quem participa nas eleições para o Conselho geral estivesse atento e fosse mais empenhado, poderia votar numa maioria que seria uma verdadeira alternativa. Aqui também se deparam com a falta de candidatos em que se revêem, ou que consideram capazes, porque muitas vezes os melhores, como já referido atrás, por que estão muito envolvidos noutras atividades não se envolvem ou não se querem envolver. E assim repete-se o ciclo dos mais interessado em manter o poder conseguirem alcançar a maioria no CG e eleger o reitor, que estará de qualquer forma já predeterminado. Não será este reitor especificamente, porque ele é também a consequência de toda uma máquina montada por uma pequena minoria muito ativa, que o quis lá, para poder manter os seus privilégios. Assim, sem uma mudança de atitude dos professores quando for da próxima eleição para o Conselho Geral, será com o próximo. Assim, não há volta a dar, sendo o que Joseph Heller designou por "catch 22" situation, ou como em bom português, pescadinha-de-rabo-na-boca.

segunda-feira, agosto 31, 2015

A Fundação aí está

A Fundação parece que vai mesmo para frente, a julgar pela pressa com que o reitor submeteu ao Conselho Geral a proposta. Esta iniciativa juntamente com a coincidência do governo estar a finalizar o seu mandato, levam-nos a crer que há conjugação de interesses, entre a reitoria e o governo. Claro que passa no C.G. sem grande oposição, por este ser o nosso sistema: Um Conselho Geral eleito pela lista que apoia o reitor. Não sei se o Conselho Geral se mantém com a Fundação, mas nestes moldes não faz muita diferença. Podemos dizer que neste esquema instaurado pelo RJIES só o Presidentes de Escola, devido ao estatuto de autonomia das escolas, têm alguma independência relativamente ao reitor. A Fundação, segundo o RJIES, tem a tutela de um conselho de curadores, em número de 5, nomeados pelo governo. Estes curadores seguem pelos vistos as decisões do Conselho Geral, incluindo a destituição do reitor,visto de uma maneira simplista. Claro que devido á composição do Conselho geral, já referida, esse cenário é muito pouco provável. mas de qualquer modo, talvez com a Fundação o Conselho Geral ganhe importância. Vamos ver. Quanto a outros aspetos diferenciadores, há um curioso que aparece à cabeça: a Fundação é dona e gere o seu património,o que quer dizer que vamos ter vendas (e compras) brevemente de imóveis na UM? Eu sugeria que se vendesse a reitoria, no centro da cidade. Está num lugar muito apetecido por outros e com certeza que haverá um empreiteiro disposto a trocar por uns hectares para construir mais prédios quadrados para albergar mais salões de congressos, mais espaços para a Associação dos estudantes, mais parafarmácias, campos de golfe, ginásios, e tudo o mais que entusiasma os SASUM, à semelhança do negócio da quinta dos peões. O que vai acontecer é que a arbitrariedade nas contratações (e despedimentos?) e promoções vai continuar ou vai-se agravar. Só pode, como dizem os nossos amigos brasileiros!

domingo, abril 26, 2015

Consórcios em risco-1

Todo o processo de nascença dos consórcios sai inquinado à partida, é o que se deduz das novas tomadas de posição por parte dos reitores. O reitor da UM, António Cunha, já veio dizer em entrevista há duas semanas atrás, que o consórcio já formado "terá que deixar de existir". Argumenta que o Conselho de Coordenação previsto para o consórcio, iria esvaziar as competências dos Conselhos Gerais. Não tendo havido uma posição pública por parte dos C.G., não sabemos se será essa a razão principal da argumentação contra o que nos permite duvidar da bondade da atitude do reitor da UM em relação à posição em que ficariam os C.G. sendo talvez mais a sua própria posição em que ficaria como reitor, que não teria a total liberdade de atuar em determinadas áreas, como até aqui, e muito menos se a UM passasse a Fundação. O reitor da UM e Presidente do CRUP não deixa no entanto de sugerir que qualquer alteração teria que ser feita no âmbito de uma alteração ao RJIES. Não se entende porquê, uma vez que este Conselho de Coordenação estaria acima dos órgãos das Universidades, não sendo ele próprio um órgão universitário, mas depreende-se, até pela natureza do consórcio, que seria um órgão intercalar entre o Ministério da Educação e as Universidades. A Universidade de Lisboa na atualidade,originou de um processo não muito diferente de "consórcio" entre a anterior Universidade de Lisboa e o Técnico, passando depois numa fase mais adiantada, a uma instituição única. Não defendendo à partida os consórcios, por não saber concretamente quais as consequências da sua formação, nomeadamente no corte de cursos "duplicados" que existam nas duas ou três Universidades do consórcio, mas por outro lado, só tenho ouvido referências elogiosas a esta união de duas universidades, principalmente pela sua maior dimensão originar numa maior visibilidade em termos internacionais, nos rankings e nas candidaturas a projetos internacionais. Na altura este aspeto foi salientado como sendo uma grande mais-valia para o consórcio estabelecido entre as três universidades do norte: Porto, Minho e Vila Real. Aparentemente este e outros aspetos positivos propalados na altura pelos governo e pelos reitores, nomeadamente aqueles das universidades que formaram o primeiro consórcio, as universidades do norte, que correram com as suas canetas em punho a assinar o protocolo, já não são assim tão positivos. Agora que o consórcio está formalmente formado, vêm os reitores, ou pelo menos o reitor da UM na qualidade de Presidente do CRUP, mostrar arrependimento pela sua anterior concordância em relação à formação dos consórcios. Pena foi que não tivessem pensado nos aspetos negativos antes. Agora depois de tudo assinado, se não for demasiado tarde, no mínimo coloca os reitores numa posição de falta de coerência em relação a todo o processo.

domingo, março 29, 2015

Espaços verdes na UM

Vem a propósito de umas mensagens recebidas na UM-net este fim de semana sobre uma aluna ter sido avisada por um segurança para sair da relva onde estava sentada, um comentário sobre a falta de espaços verdes na UM. Pois se se havia de expandir os espaços verdes no campus, como seria de esperar quando se discutiu o futuro da quinta dos Peões mesmo em frente ao campus, e se prometeu uma expansão dos espaços verdes, o que parece ser a evolução no últimos anos é a ocupação de possíveis espaços verdes. Os edifícios aparecem por todos os lados, sabendo-se que alguns são de projetos megalómanos de projetos financiados que tudo indica não terão ocupação que justifique a sua dimensão, como por exemplo os edifícios a "norte" do campus. Podia-se ter expandido para esse lado com um espaço verde, com relva, árvores, arbustos, flores e toda uma envolvente que descansa se recomenda para descansar o corpo e a mente de quem estuda. Já antes a UM deitou abaixo sobreiros nessa zona, contra o parecer do Ministério do Ambiente. Porque será que as melhores universidades mundiais são as que têm as maiores zonas verdes? Basta passear pelo campus da Universidade de Oxford ou de Yale para nos apercebermos desse facto. Em Yale os espaços são de tal ordem que se montam tendas enormes para festejar a entrega dos diplomas no fim do ano, em que as famílias e toda a comunidade académica festejam em conjunto esse evento. Entretanto o projeto da quinta dos Peões parece estar parado, e já houve sucessivas alterações ao projeto que alteraram aquilo que estaria projetado no início, o prolongamento do campus para baixo, eliminando a estrada que neste momento separa os dois espaços. Tudo se alterou em nome do "progresso", estando agora previstos edifícios para congressos e incubadoras de empresas, associação dos estudantes, entre outros "equipamentos". Espaços verdes? Só se forem "incubados". Não se sabe porque o projeto está parado, mas não será por qualquer decisão que teria resultado da consulta pública, pois nunca teria sido feita pela câmara. Esse tipo de consulta, mesmo que tivesse sido feita, seria meio escondida e sem divulgação junto dos interessados, leia-se os frequentadores do campus de Gualtar e mesmo que fosse, nunca teria uma condenação, especialmente se apadrinhada pela reitoria e pela Associação de estudantes, que aí terá ganho a promessa duma sede. O empreiteiro dono da quinta, o sr. Rodrigues de Névoa, agradece. A reitoria deveria ter auscultado a Academia antes de se pronunciar junto da Câmara e do sr. Rodrigues Névoa. É por estas e por outras que uma reitoria sem controlo de uma Academia, porventura através de um Conselho Geral independente que representasse a Academia, poderá fazer o que entender. Então quando tiver as mãos livres da obrigatoriedades de concursos públicos e movimentações de verbas ao passar a Fundação, passará também a ser uma espécie de imobiliária, vendendo, adquirindo e encomendando edifícios sem qualquer plano estratégico global para a UM, que inclua nomeadamente os espaços verdes. Tudo numa lógica de encher os cofres da instituição (onde é que eu já ouvi isto). Enchendo os cofres não se melhora a qualidade de vida, como todos sabemos, e a qualidade de vida académica também é uma parte importante da vida de quem passa pela Universidade durantes os seus anos de formação. Não será por uns e-mails inofensivos que alguma coisa mudará. Meus amigos, se querem fazer alguma coisa, façam mais e e-mailing menos.

domingo, fevereiro 01, 2015

Desmaterialização

A Universidade está a ficar desmaterializada, como gosta de afirmar o sr. reitor. A última medida nesse sentido foi a nomeação dum diretor de serviços informáticos para o cargo de administrador, alguém sem experiência na área da administração pública, mas que tem vindo a desmaterializar os procedimentos administrativos, algo que o sr. reitor considera uma competência suficiente para o cargo. Diria que faltam outras valências, como a capacidade para administrar pessoas, uma vez que esse é uma parte muito importante do cargo. O que já se percebeu é que as pessoas também estão a ser desmaterializadas, com as alterações introduzidas no pessoal adstrito à contabilidade e à administração. Esperamos que tanta desmaterialização não cause problemas na assistência aos projetos de candidatura da UM, agora que a FCT e o programa 2020 estão abertos. Esperamos para ver se a vaga que varreu os serviços de contabilidade e administrativos não se torne num Tsunami e nos afunde a todos! Outras novidades virão com a passagem da Universidade a Fundação. É uma luta antiga do sr.reitor e agora parece que a conseguiu levar por diante. Não me recordo de mais nada que fosse referido pelo sr.reitor como uma vantagem, que não fosse relacionado com o aligeiramento dos procedimentos burocráticos e as autorizações para adquirir e vender imobiliário. Neste último caso, parece que a Universidade tem como objetivo fazer mais-valias e com essas mais-valias fazer mais obras. Para quê? Para despedir professores, o que também será mais agilizado com a passagem a Fundação, principalmente aqueles sem vínculo. Para quê mais espaços vazios? Só se for para encher o olho. Dinheiro que seria mais bem empregue a reforçar a componente pedagógica e científica da UM, que tem andado muito por baixo nestes últimos anos e que não se vislumbra que melhore com os cortes que ainda ainda aí vêm. Com pouco dinheiro, ainda é mais importante gastá-lo bem. Por muito importante que seja desmaterializar os processos burocráticos, de que não discordo, porque não aproveitar a passagem a Fundação e materializar aquilo que ainda falta materializar, o fundamental, ou seja, a formação de excelência, a ciência, de preferência com consequência, e a democracia académica, acabando com o sistema eleitoral vigente baseado em listas. Neste último caso, alterando os estatutos se necessário, para o conseguir. É o que eu desejo, sem no entanto esperar que isso aconteça com este reitor e com este administrador, ou outros que se lhes sigam saídos do mesmo lote, a julgar pelos últimos acontecimentos.

sábado, abril 12, 2014

Consórcio de Universidades a norte

As universidades do norte vão formar um consórcio para terem massa crítica nas canndidaturas a programas europeus, segundo notícias vindas a público esta semana. Na verdade a união devia ser mais ampla, mas já é um começo. Por exemplo na otimização de recursos, com a utilização de equipamentos nas áreas das ciências e das engenharias. mas o que se adivinha é que com os alunos a deixarem de garantir a existência de todos os cursos, seria útil escolher os melhores cursos e encaminhar os alunos para esses cursos. Só assim temos verdadeiramente um nivelamento das Universidades, porque de outra maneira haverá sempre cursos duplicados e o das Universidades do Minho e ainda mais os da Universidade de Trás os Montes ficarão sempre para segunda escolha em relação aos da Universidade do Porto. Não porque os da Universidade do Porto são melhores, mas devido à sua localização privilegiada, junto à costa e geograficamente mais perto de uma maior população estudantil mais preparada para entrar na Universidade. Por estas razões é pouco provável que a Universidade do Porto vá mais longe do que aquilo a que se propõe, otimizar as suas candidaturas a projetos europeus, aumentando a massa crítica. Por isso, não se entusiasmem demasiado com consórcios, porque as Universidades competem umas com as outras na captação de alunos e tudo o resto é folclore. E infelizmente para a UM, não será o Vira.

quinta-feira, setembro 27, 2012

A-Funda-ções

As Fundações universitárias vão fechar (Lloyd Braga), e as Universidades-fundação vão regressar ao seu estatuto anterior (Porto, Aveiro e ISCTE) ou não vão arrancar (caso da UM). Sem apelo nem agravo. Mas embora as Universidades-fundação ainda não tivessem mostrado as vantagens de ser fundação, os méritos deste sistema já se adivinhavam, como seja a maior flexibilidade no governo da instituição. Agora voltam ao estatuto de organismo público como as demais universidades, e como se não bastasse as restrições que já existiam inerentes ao estatuto, ainda vem o governo introduzir uma medida que determina que tudo o que se adquira nas instituições públicas necessita de autorização do ministro! Um reitor, já veio gracejar e dizer que se for necessário uma obra num esgoto teria que pedir autorização ao ministro. Bem pode o ministro Gaspar tratar Universidades como se fossem repartições e finanças, que o país não se incomoda. Os portugueses estão demasiado preocupados com o dia a dia, que se degrada a olhos vistos, para se preocuparem com academias. Mas não nos iludamos, o caminho escolhido, o da degradação das instituições pública, nomeadamente as Universidades, trará consequências para todos no futuro e não só para quem trabalha, ou frequenta/estuda nessas instituições. De acordo que não se devem fazer mais autoestradas. De acordo que as fundações parasitárias que por aí havia deviam ser extintas ou pelo menos retirar os subsídios que recebiam. Mas não confundamos as coisas. A Universidade-fundação não seria a mesma coisa que a fundação Paula Rego ou a Fundação Lloyd Braga, ou a da Associação dos estudantes. Não era para promover individualidades, exposições de artistas, que no caso em particular de Paula Rego que nem sequer vive cá e tem dinheiro para pagar a sua própria exposição, ou para fazer umas festas que seria o papel da Fundação da Associação de estudantes. Era para agilizar instituições com demasiados entraves ao seu bom funcionamento, o das Universidades. E é isto que o governo não enxerga e por tabela o povo que, sedento de cortes, não se apercebe. Quem defende que as universidades devem estar mais viradas para fora e servir mais a sociedade, indo para além da formação de doutores e engenheiros, só pode ter tido uma esperança que o regime de fundação viria a melhorar esse serviço. O empreendedorismo por exemplo, seria mais fácil e teria mais incentivos. As verbas próprias, agora controladas também pelo Estado com o novo decreto de controlo de verbas, seriam mais facilmente utilizadas no investimento em projetos úteis à sociedade. Mata-se a galinha, matam-se os ovos. Assim, com esta atitude por parte do governo, não há desenvolvimento tecnológico e sem essa componente o País nunca terá lugar no clube dos países mais desenvolvidos.

sexta-feira, agosto 03, 2012

Fundações saem, fusões entram, no Ensino Superior

As notícias de abandono do regime fundacional por parte do ministro da Educação são mais em termos de nome de que de conteúdo, porque o que o ministro disse sobre a nova lei não é muito diferente do que se tem dito sobre as fundações: maior autonomia, maior independência de gerir os seus próprios orçamentos, património, etc. Resta esperar para ver quais as diferenças. Entretanto a Fundação Lloyd Braga foi considerada como tendo pouca atividade, menos de 50%, um dos critérios para o sue futuro financiamento. Na verdade, ninguém estranhará, até porque muitos nem ouviram falar de tal fundação. Quanto à fundação da Associação de estudantes, foi considerada como tendo zero atividade! entrevistados alguns reitores na reportagem a maioria exprimiu-se satisfeita com o acordo final, confiantes que podem gerar receitas alternativas. Gosto de ver reitores confiantes, mas sabemos que com a conjuntura atual não será nada fácil. O reitor do Técnico, Cruz Serra, em entrevista na televisão afirmou a dada altura que o investimento nas Universidades é estratégico para o futuro de qualquer país. Palavras sábias que não foram tidas em conta pelo governo ao cortar quase 3% do orçamento das universidades. Corte-se nas estradas, PPPs, forças armadas, e aumente-se os impostos aos rendimentos de capitais, heranças, e outras rendimentos que não são do trabalho. Mas não se corte no futuro! Isso era o que Cruz Serra queria dizer mas não disse por não ser um político. Aliás o reitor do IST, disse que as universidades não têm a força dos "lobbies" que normalmente as autarquias, por exemplo, têm. Não sei bem se será tanto assim...mas percebi a ideia. No entanto Cruz Serra não se pode queixar. A sua universidade pelo fato de se estar a fundir com a de Lisboa, a Clássica, vai receber fundos que outras universidades não recebem o que só abona a seu favor, pois teve juntamente com o seu colega da Clássica a coragem de avançar para uma fusão que lhe vai tirar protagonismo ao deixar de ser reitor. Não deixa de ser de admirar num setor constituído por capelinhas, em que cada um é um reizinho no seu cantinho (leia-se departamento, centro, Escola, Universidade).

sábado, dezembro 03, 2011

Meio mandato sem Fundação

O reitor fez um balanço positivo do seu mandato nos últimos dois anos, segundo entrevista à rádio universitária. Baseia-se na garantia da qualidade e na melhoria da gestão financeira. Quanto a aspectos ainda não conseguidos, refere obras não executadas nos campi por fala de verbas. Nem uma palavra sobre a passagem da UM a Fundação. Então não era esse o cavalo de batalha do reitor? Soubemos recentemente que o projecto Fundação foi adiado para as calendas gregas. Isto também não é uma obra que não arrancou? Que obras são estas tão importantes em Gualtar e Azurém que o reitor se está a referir que mancharam um pouco o sue mandato? Será a Fundação menos importante, quando na altura de se avançar foi objecto de uma defesa acérrima por parte do reitor? Certo é que não foi devido à falta de esforço por parte do reitor, mas sim pelas mesmas razões que as tais obras não avançaram: a crise. É curioso o que antes era fundamental para a Universidade agora nem sequer é mencionado quando se fala do mandato dos últimos dois anos... Ou será que ainda há esperança do processo de passagem a Fundação ainda arrancar mesmo depois do Governo ter decidido deferir para não se sabe quando esse projecto? Não creio. Já quando o reitor manifestou esse desejo no inicio do seu mandato, já se adivinhava que não era a melhor altura para embarcar em tal aventura, e muitos o avisaram. Não fez caso, mas agora também não o quer admitir. Claro que não por culpa dele, que bem se esforçou, mas de qualquer forma, é isso que distingue um bom líder/político dum que não o é, ou seja, ter ou não ter consciência do grau de sucesso de qualquer empreendimento em que se aposte. Talvez um reitor não tenha que ser nem líder nem político, mas que estas duas componentes são uma parte importante do perfil, disso ninguém tem dúvidas. E pelo menos um líder deve assumir as suas responsabilidades quando as coisas não correm como ele tinha previsto, nem que seja para admitir que "fez mal as contas" e que já foi extemporânea e tardia a sua entrada para "a corrida às Fundações".