sábado, dezembro 02, 2017

Investigadores e indústria

Há qualquer coisa que não bate certo na articulação entre a I&D e a indústria. Se por um lado o governo vai contratar 3000 investigadores, que fazem principalmente investigação fundamental, como irá essa investigação "ligar" a uma indústria maioritariamente de PMEs que não vão além de uma evolução tecnológica, modernização, e em alguns casos alguns produtos novos fruto de imaginação mais do que ciência? Ao vermos notícias na televisão sobre emprego, vemos imagens de trabalhadores em empresas de "baixa" tecnologia, como sendo a indústria têxtil, metalomecânica e alimentar. Num artigo no público hoje vem a problemática dos investigadores que vão ser contratados não transmitirem os seus conhecimentos por não serem professores. A investigação que fazem os professores também não é eficientemente transmitida e se o for, não encontrará terreno fértil na indústria para florescer, por a indústria não estar preparada, ou por serem PME's de baixa tecnologia, como já referido, ou por serem multinacionais que fazem a sua investigação noutros locais, resumindo-se o trabalho cá em Portugal a tarefas comandadas de fora. E se houver contribuição da parte dos alunos que aí encontraram emprego, será aproveitada "lá fora" e não cá em Portugal. Essa é a realidade que transparece quando se analisa o espetro de empresas existente em Portugal, com base no know-how, patentes, projetos de I&D, número de doutorados em empresas, entre outros dados. Como resolver este problema aparentemente sem solução a curto/médio prazo? Fala-se na reestruturação do tecido empresarial. Como? Só se for com investimento estrangeiro que também vai ser difícil por preferirem outras paragens de não de obra mais barata ou em regiões mais próximas do centro da Europa por questões de proximidade. Então foge-se para o turismo como salvação da economia. Mas turismo não necessita de I&D! É realmente necessário o governo parar para pensar e fazer um plano a longo prazo, e não medidas avulso como esta de contratar 3000 investigadores.