domingo, julho 23, 2017

As eleições para reitor e um RJIES que engana

No dia 13 de Julho foram anunciadas as eleições para reitor da UM a realizar em Outubro. Podem-se candidatar Podem candidatar-se ao cargo de Reitor, os professores/professoras ou investigadores/investigadoras doutorados/as da Universidade do Minho ou de outras instituições de ensino universitário ou de investigação, nacionais ou estrangeiras, em exercício efetivo de funções. Mas quem vota? O Conselho Geral. Sabemos que nas eleições para o Conselho Geral se delineavam candidatos a reitor nas duas listas que concorreram, tendo um deles expressamente indicado essa sua intenção, Nada que não se tivesse passado em eleições anteriores. O que isto indica e que no passado foi comprovado, é que os membros do Conselho Geral de listas ligadas a estes candidatos, votam neles, não sendo previsível qualquer voto num candidato de fora. Então para quê esta regra no Regulamento do Ensino Superior, o RJIES, que todos sabem que não tem qualquer consequência? Será para iludir os meios de comunicação social e o público em geral que o processo é ultra-abrangente e democrático? O atual ministro lá saberá pois ele foi um dos mentores deste regulamento. É mais uma incongruência do RJIES, mas esta em particular é mais publicitada que outras, sendo que pode induzir em erro candidatos desprevenidos no estrangeiro, que não conhecem este viciamento das regras por parte do RJIES e que são publicamente humilhados com zero número de votos ou muito próximo do zero. Como dizia Herman José num dos seus sketch: não havia necessidade.

sexta-feira, julho 14, 2017

Estudantes a meio gás

Soubemos pela boca do vice-reitor da Universidade de Coimbra em entrevista ontem à TSF, que há Universidades entre elas a Universidade do Minho, a cobrarem metade do valor das propinas a estudantes de Erasmus, nomeadamente referindo-se a estudantes brasileiros. A Universidade de Coimbra cobra as mesmas propinas que aos estudantes portugueses, Diz ele, e bem, que estamos todos a pagar para estudantes de fora estudarem nas nossas universidades, uma vez que metade do valor das propinas não paga os custos da Universidade por aluno. Para além desse aspeto, injusto também para os estudantes nacionais que pagam as propinas por inteiro, há ainda a considerar o facilitismo que é na generalidade concedido a esses estudantes na hora de lhes atribuir uma classificação. Vejam-se os Mestrado e doutoramentos que têm convénios com Universidades brasileiras e que já referi anteriormente. Não sei qual é a intenção dos reitores destas instituições nesta abordagem aos estudantes estrangeiros e nomeadamente aos brasileiros que já representam 1 em 5 da totalidade dos estudantes, segundo a mesma fonte. Será de engordar o número de alunos fugindo aos numerus clausus e dessa forma apresentar uma universidade com mais alunos competindo desta forma no ranking das maiores universidades portuguesas? Será porque consideram que as universidades são mais atraentes a estudantes estrangeiros e por isso são melhores? É um mistério...Maior contribuição para a produção científica dificilmente será, uma vez que estes estudantes, salvo raras exceções, não permanecem o tempo suficiente para produzir algo de cientificamente válido que seja publicável nas melhores revistas internacionais. Os estudantes devem ser todos tratados da mesma maneira e com o mesmo rigor, como é evidente. Penso que os professores e estudantes da UM, no caso que nos toca, merecem uma explicação por parte da reitoria.

domingo, julho 02, 2017

Penalizações salariais, ECDU e RJIES

Desde que os professores tiveram cortes nos salários, a partir de 2010, que a sua situação têm vido a piorar. É o IVA, a sobretaxa do IRS, e o agravamento da contribuição para ao ADSE. Para os professores Associados e Catedráticos, como todos os cálculos são baseados em percentagens, os salários mais altos são mais penalizados. Quando é possível escaparem a esta situação que acham injusta, estes Professores saem dela, como é o caso de saírem da ADSE, tendo saído mais de 2000 professores desde este aumento da ADSE para 3,5% de percentagem do salário. Se fosse possível evitar a sobretaxa de IRS, que penaliza muito mais os Professores mais graduados, também o fariam. Como não é possível, ficam-se pela desmotivação. Como as responsabilidades dos professores Catedráticos é muito limitada, sendo a orgânica do RJIES orientada mais para partidos políticos com base num sistema eleitoral mais adequado para a Assembleia da República, sem ter em conta a hierarquia conferida pelo Estatuto da Carreira Docente Universitária, ECDU, estes professores podem ainda sentir-se marginalizados e sem poder cumprir as suas responsabilidades previstas no ECDU. O RJIES veio desvirtuar o ECDU e este ministro tinha uma oportunidade para o alterar, não fosse ele um dos mentores deste regulamento, como membro da equipa de Mariano Gago. O sistema anglo-saxónico premeia o mérito, sendo aqueles que chegam a Professor com tenure, os que assumem funções diretivas, e o (Full) Professor, equivalente a Professor catedrático, o chefe de departamento/centro I&D. A democracia total de um homem um voto, independentemente da categoria, não se compadece com a excelência nas instituições científicas, como aliás acontece nas forças armadas, nos hospitais e na magistratura, em que os mais graduados é que são responsáveis pelo funcionamento das instituições. A votação, se a houver, é entre membros da mesma categoria elegíveis para o cargo, para assegurar que o coletivo de professores trabalhe para a excelência e não para eles próprios, coletivamente, como parece acontecer em muitos departamentos e centros das universidades. Quantos regulamentos é que o ensino superior deve ter? Não bastava o ECDU? Não poderia ser este documento alargado para através das áreas disciplinares já mencionadas nele, serem constituído departamentos/centros de I&D? Penso que é esse o modelo nos países anglo-saxónicos. Aqui, pelo contrário queremos inventar a roda e estamos sempre a legislar, dando tiros nos pés, em vez de aprofundar e alargar aquilo que já está estabelecido há muito nesses países que têm Universidades como Yale, Oxford, MIT, Cambridge, como um modelo próprio que funciona para universidades.