sábado, novembro 14, 2015

Atratividade do ensino superior em crise

Hoje uma notícia no jornal Público diz-nos que o ensino superior é menos atrativo para os jovens por o emprego estar a crescer mais, embora modestamente, para os jovens com o ensino secundário completo do que para os licenciados, citando um relatório da Comunidade Europeia(CE). Por outro lado, muitos jovens licenciados exercem empregos abaixo das suas qualificações. A CE não foge à regra com 25% de jovens nessa situação. Adianta este relatório algumas causas, sendo a das oportunidades de emprego a primeira, mas que o abandono escolar também é elevado, pelo que se conclui que os alunos chumbam muito, talvez por os cursos não serem interessantes ou relevantes para um mundo em mudança. No caso de Portugal, com o que se perdeu nos último 4 anos, em que a indústria não evoluiu, em que não houve uma re-industrialização do país, mas que pelo contrário, houve um reforço das empresas dos setores tradicionais de mão de obra barata, os têxteis e o calçado por via das exportações, as saídas para os licenciados para postos de relevo nestas ou noutras engenharias são muito pequenas. Mesmo aqueles que exercem nestas indústrias, recebem ordenados pouco acima do ordenado mínimo. É o País que não acompanha o ensino ou é o ensino que não acompanha a indústria? É um ciclo vicioso porque uma coisa precisa da outra. Se a indústria não existe, os curso para essa indústria não fazem sentido e se os cursos não existem, embora não seja tão linear, também não há incentivo para a indústria se estabelecer no país, nomeadamente por via do investimento estrangeiro. Qual a saída então? Há quem defenda que as start-ups serão a solução. Mas estas são uma gota no oceano. Poderão no entanto, quando têm origem nas universidades como spin-offs, ter um efeito catalisador dos cursos donde emanaram, por servirem de exemplo para os candidatos aos cursos de ensino superior. Estes cursos com atratividade, por sua vez, terão um efeito de incentivo para a formação de outras spin-offs e assim sucessivamente. Será um ciclo vicioso mas desta forma, com efeito positivo tanto no tecido industrial como nos cursos de ensino superior.