terça-feira, julho 21, 2015

Cursos do ensino superior para todos os gostos

Mais um ano em que desce o número de vagas no ensino superior acompanhando a descida do número de candidatos. É a tendência dos últimos anos. Há ainda a novidade do Ministério da Educação informar sobre a empregabilidade dos cursos. Os alunos continuam a preferir os cursos que lhes dão emprego, medicina e enfermagem, o primeiro em universidades e o segundo mais em politécnicos. O que se verifica é que muitos dos alunos que vão para enfermagem, já o fazem com a ideia de emigrar. Porquê então que o Ministério aceita tantos cursos e com númerus clausus tão elevados? Não se entende. São recursos do País que poderiam ser empregues noutros cursos, mesmo em cursos que à partida não têm empregabilidade, como o das humanidades. Ao menos estes cursos custam menos ao País por não precisarem dos meios que os cursos de enfermagem precisam. Não há qualquer planeamento de cursos, muito devido à autonomia das universidade e dos politécnicos. Será que a autonomia das universidade e politécnicos deverá determinar quais os cursos a oferecer? Talvez em parte. Mas não deveria também obedecer a uma estratégia nacional? Aliás como se fez em relação aos cursos de medicina. Pelo menos nas engenharias poderia haver mais organização e não depender só da lei da procura e da oferta, como está a acontecer com os cursos de engenharia civil. O governo lava dali as suas mãos, guiando-se pela procura dos cursos, como se os candidatos soubessem quais os cursos mais relevantes para o país. Basta ver quanto alunos se candidatam aos cursos de comunicação, jornalismo, media, etc, para perceber da disparidade da desproporcionalidade entre o número de jornais, canais de televisão e outros media. Ou no caso dos cursos de engenharia biológica ou biologia, a desproporcionalidade entre os candidatos a estes cursos e os empregos disponíveis para este tipo de especialização: indústria alimentar, ambiente, etc. Ou no caso da arquitetura. E haverá muitos mais disparidades como estas. Estamos com um ensino superior dependente dos gostos dos alunos, ou nestes casos, mais das alunas. Que fazer? Penso que se os alunos gostam de tirar um curso que os satisfaçam, e não que o país precise, deviam pagar esse curso, tal como se paga um curso de guitarra ou de culinária gourmet, ou outros (pintura, decoração, etc). Demasiado polémico? Talvez e certamente não exequível. Mas então que o governo tenha uma estratégia de "hair cut" aos cursos repetidos em universidades e politécnicos distantes poucos quilómetros uns dos outros e númerus clausus para cima de 50. Tentou timidamente através da formação de consórcios, começando a norte, mas depressa recuou, ao ser confrontado pelo lobby dos reitores do CRUP. A única boa ideia que o Ministério da Educação teve para o governo superior, nunca saíu do papel! É hora deste ministério dar lugar a outro que tenha mais garra.