terça-feira, outubro 07, 2014

Prós sem contras

No programa "prós e contras" de ontem, no Teatro Circo de Braga, tivemos a ocasião de ouvir dos vários intervenientes os prós de Braga e da UM em várias frentes, centrada nos jovens de Braga, e no sucesso da intervenção da UM na sociedade. Foram passando os minutos e os membros da "mesa", desde o Presidente da Câmara ao ex-secretário de Estado, agora responsável pela mais recente incubadora de empresas de Braga, a investBraga, falaram de uma realidade que dificilmente se pode imaginar como sendo aquela da cidade de Braga. O que é certo é que faltaram exemplos de todo esse dinamismo que foi referido, sendo que quase a única foi a Primavera que da plateia fez um relato que deve ter posto muita gente a dormir. Aliás,entre o enfado que as várias intervenções provocavam, ao enjôo de tantos elogios à cidade e à UM, faltou algum discernimento sobre a nossa realidade. Que a cidade é a mais jovem, refira-se como jovem o facto de ter a população mais jovem, é o que temos ouvido há mais de 20 anos. Será que ainda é? A emigração de jovens para a Suíça, França e Reino Unido, parte principalmente do norte do país e o distrito de Braga deve ser o epicentro dessa emigração. O norte do país deve ser a região do país com mais pobres. Tem talvez o maior desemprego. No entanto só o arcebispo referiu timidamente estes dados, não fosse destoar do otimismo e autoelogio de todos os outros presentes. Não se coibiu no entanto de regogizar-se com o trabalho que a igreja tem feito junto desses setores da população mais desfavorecida. A moderadora Fátima Campos Ferreira, parecia que dançava num mar de rosas, incentivando à enaltação por parte dos presentes dos feitos que fizeram para Braga ser a cidade que pintou quando da apresentação do programa. Não destoou em nada, não havendo lugar aos "contras" normalmente presente no seu programa. O reitor fez o que lhe competia, referindo a Universidade como uma "research University", e até pecou por ser parco nas palavras, não deixando no entanto de referir mais um ranking onde a UM figura à frente das outras universidades portuguesas. Não disse no entanto o óbvio, que os rankings são baseados em critérios que nem sempre são objetivos. O discurso de quase euforia teve um pequeno solavanco com a intervenção de José Mendes que se queixou que a região merecia receber mais investimento por parte do poder central, considerando ser uma região exportadora e que muito contribui para a riqueza do país por esta via. Esqueceu-se da auto-europa e da Galp, as maiores exportadoras, situadas perto de Lisboa. Ainda houve lugar ao protesto do reitor sobre o financiamento dos centros por parte da FCT não ter contemplado um centro de I&D que tem no seu seio um investigador que fez parte da equipa de um nobel da física, com trabalho na área do grafeno. António Murta fez o discurso de exaltação deste investigador. Quase que estávamos ombro a ombro com os prémio nobel com tal exaltação! Foi o ponto alto da noite. Foi uma noite surrealista em que Braga se elevou acima das nuvens, o que ao menos já é uma melhoria para Braga, habitualmente debaixo de nuvens.