segunda-feira, julho 28, 2014

Avaliação dos centros de I&D

Agora que se aproximam as férias, não se esperam grandes novidades. Acaba o ano com a polémica  causada pelos centros que não passaram à segunda fase. O centro de física da UM  e o centro de química apareceram na imprensa a reclamar a sua não passagem à segunda fase, pelo que foram secundados por vários comentadores que depressa passaram ao pedido de impugnação de todo o processo de avaliação. Independentemente da justeza ou não destas reclamações, há algumas questões que se nos ocorrem. Tendo sido a avaliação pela primeira vez feita totalmente por avaliadores estrangeiros, seria de esperar que num país pequeno como Portugal, onde quase todos os cientistas do mesmo ramo se conhecem, esta teria sido um boa medida para evitar compadrios, que têm assolado o nosso meio científico durante décadas. Pelos visto já não basta só o número de "papers" e citações para se ser considerado um centro de excelência. É talvez um ponto de viragem que se impunha há algum tempo, não havendo qualquer benefício para o tecido empresarial português ou mesmo para o Estado Social o aumento exponencial que se tem verificado de produção científica. Houve nos últimos anos uma proliferação de publicações para inflacionar o ego dos responsáveis dos institutos de I&D e de alguns responsáveis de equipas e I&D que são autenticas fábricas de produção de "papel". Também não ajuda a comunicação social contabilizar a excelência científica a metro, contabilizando o número de papers e citações sem olhar às causas de tais resultados. Uma delas é a globalização da I&D e a proliferação de "journals" na última década, um negócio das editoras como a Elsevier entre outras. Temos pois que enveredar por uma autoanálise do que tem sido o financiamento da I&D em Portugal e só depois criticar as novas orientações, que não são este governo, mas são da Europa, que financia a I&D e exige mudanças, no sentido de ligar mais a I&D ao tecido empresarial e industrial regional, que diga-se de passagem, não é má ideia.