domingo, julho 06, 2014

Cursos sem alunos


Entre as notícias de crianças de famílias que perderam o rendimento mínimo, e que tudo indica permanecerão na pobreza extrema durante anos, a baixa taxa de natalidade e a imigração de famílias jovens que levam os seus filhos com eles para engrossar a juventude de países como Inglaterra, a França e Suiça…fala-se do fecho de cursos com menos de 10 alunos. Estima-se que serão pouco mais de uma dezena nas Universidades. Mas como será daqui a uns anos quando estes jovens, alguns não-nascidos outros sem meios para entrarem na Universidade por estarem na pobreza máxima, e outros que terão a sua vida outros países para onde imigraram, entrariam para a Universidade e que nunca lá chegarão? Não serão só uma dezena de cursos a desaparecer, serão centenas de cursos que desaparecerão.

O governo que não pense que as suas políticas de cortes não tem consequências na baixa do número de jovens em Portugal e que por sua vez um país com menos jovens terá necessariamente consequências não só no PIB mas na produção do saber, nas Universidades e Politécnicos.

Por sua vez, cursos que formam engenheiros para a indústria exportadora, como é o caso de engenharia têxtil, não podem fechar, e é uma posição corajosa sem dúvida, manter o curso a funcionar. O reitor já anunciou que é um curso estratégico para a região norte e para o país. O problema é que um curso com menos de 10 alunos torna-se um curso difícil de atingir os objetivos a que se propõe por não ter massa crítica. O intercâmbio entre os alunos, principalmente agora com Bolonha em que os projetos integrados são uma componente muito relevante do curso. Os alunos que entram para o curso de engenharia têxtil por exemplo vêm dos cursos CET, o que implica que com a alteração que o governo fez no ensino profissional é muito provável que o curso desça para números muito abaixo dos 10 tornando o ensino ainda mais problemático. Por isso a decisão de manter o curso aberto é sem dúvida corajosa.