O processo da praia do Meco em
que morreram 6 estudantes, foi re-aberto, após um arquivamento prematuro, muito
por força da insistência dos pais e da exposição nos média. Nem sequer foi
considerada na avaliação do processo a possibilidade das mortes terem sido
causadas por uma praxe, o que é estranho, dada a evidência dos factos e das
circunstâncias em que ocorreu o "acidente". O caso da queda do muro
em Braga, embora diferente, é outra consequência das praxes, em que também
houve estudantes mortos. Estamos de novo no início do ano letivo com as praxes
a ocorrerem como se nada se aprendesse destes dois casos. Impressiona a
inconsequência de tais tragédias nas praxes e não se percebe o que mudou. Os
alunos ou são irresponsáveis ou são ignorantes ou o mais provável, continuam a
ser esmagados logo à entrada por toda uma encenação dos mais velhos, de tal
forma intimidatória que não se atrevem a faltar à praxe. Poderá ser que alguns
gostem da praxe. Mas quantos gostam realmente de práticas extenuantes, em que
se mantêm de pé, tal como os vemos quando passamos pelos agrupamentos, horas a
fio, à chuva e vento, mal protegidos, muitos em T-shirt ou equivalente,
obrigados a gritarem e a fazerem outro tipo de brincadeiras forçadas, que de
brincadeira não têm nada? Então se é assim, porque não forma para as forças
armadas? Lá só não há as brincadeiras forçadas, porque de resto há tudo o
resto: permanecer de pé horas, obedecer cegamente à hierarquia, gritar coisas
sem nexo, etc.
É um fenómeno de um misto de
medo, teimosia em ser aceite pelos pares, vontade quase masoquista de sofrer
para alcançar o patamar superior, e a possibilidade de se divertirem como bónus
logo após a praxe, em bebedeiras gerais, que leva mais uma vez à inconsciência
do seus atos.
Não entendo, nem muitos entendem,
a não ser que seja uma penitência que está imbuída no seu ser, proveniente de
séculos de fé católica que os moldou sem eles se aperceberem. Afinal Cristo
também teve que morrer para poder ser ressuscitado. Será essa a analogia
nos seus pensamentos íntimos?
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