domingo, outubro 26, 2014

O Novo Presidente do CRUP e a imagem da UM

Nada vai bem no reino de Crato. Confusão nas escolas, na colocação de professores, na falta de funcionários, provocando o caos nas escolas. Mas o que é um facto é que enquanto as atenções se concentram nos problemas do ensino básico e secundário, não se fala no ensino superior nem na I&D, pelouros também deste ministro. Se houver um questionário nacional sobre qual é o  ministro do Ensino Superior e da Investigação científica, aposto que muito poucas pessoas não ligadas ao setor, o saberão. É assim com este ministro todo-poderoso.
Entretanto houve eleições no CRUP e António Cunha ganhou, ficando a UM com um Presidente num órgão de representação muito importante na defesa das Universidades e no diálogo com a tutela. Pode ser que sangue novo faça a diferença, e até parece que foi esse um dos critérios que levou à eleição de A. Cunha, porque de facto ele deve ser o mais novo de entre os reitores. Também já é o reitor mais jovem na UM em muitos anos, o que deu esperança à Academia de mudanças, mas que de facto não são visíveis passados quase 6 anos de mandato. Será que pelo menos no CRUP, António Cunha fará vingar a sua juventude e conseguir recuperar o que o Ensino Superior e a investigação científica perderam desde que este governo tomou posse? Oxalá que sim, embora tenho dúvidas que o consiga, não só por culpa dele, neste caso, mas porque este órgão nunca conseguiu nada do ministro. Só com um novo governo, está visto. Pode ser que perante a adversidade surja o verdadeiro A. Cunha, uma vez que na UM, tendo tudo a favor, desde a maioria no órgão Conselho Geral, o único que poderia vetar a sua atuação, desde que foi eleito e desde que foi re-eleito, não aproveitou esse facto para lançar a UM na senda da excelência, mas pelo contrário afastou-a das outras Universidades portuguesas de referência, Lisboa e Porto, que lideram com grande avanço. Veja-se a quebra de alunos nas Engenharias, que não podendo ser imputado ao reitor, o que é certo é que não conseguiu impedir que a imagem da UM derrapasse nos últimos anos ao ponto de perder a confiança dos candidatos a estes cursos. A UM precisava de ter mais visibilidade, para que os alunos sentinssem vontade de vir. Mas essa visibilidade não foi suficiente e uma das causas será a falta de agentes (professores) que divulguem o nome da UM. Veja-se os docentes que dispensou nas humanidades, quando sob pressão, e que agora com o rejuvenescimento das humanidades em número de alunos, tanta falta fariam. O mesmo com os professores convidados. Todos estes farão falta para recuperarmos o nosso prestígio e a nossa imagem. São pessoas que podiam dar visibilidade à UM, com artigos, prémios e organização de eventos, por exemplo, dada a sua especificidade. Sabemos que não seria possível fazê-lo a professores do quadro seguindo as regras da meritocracia, com o RJIES e o ECDU que temos. Mas que poupasse noutras áreas, como nos subsídios aos SASUM, nas promoções de pessoal dos serviços a diretores, como na informática e no Largo do Paço de uma maneira geral, nas contratações de pessoal não-docente, que supostamente deveriam estar congeladas, nos subsídios à Associação de estudantes, evitando ter que dispensar professores. Claro que estes são setores estratégicos para o apoio que qualquer reitor precisa; quando se trata de contar votos no Conselho Geral, os alunos são importantes e  todos estes órgãos e serviços estão ligados aos alunos. Todos os reitores o fizeram e este não foi exceção.
Outro exemplo, muito importante para as engenharias, foi a ausência de um esforço na componente de apoio ao  empreendedorismo, tão  falado como prioridade, mas que não teve o apoio que merecia. Um exemplo foi a incubação de empresas spin-off. Recentemente a UM saiu da administração do Avepark, parque de Ciência e Tecnologia, o que deixou órfãos de estratégia publicitária, com a qual muito beneficiaria, os centros de I&D e as empresas incubadas nesse parque. Quem ficou com esse benefício foi a Câmara de Guimarães, que assumiu o controlo absoluto do Avepark.
Por isso é de reafirmar que o novo em idade nem sempre é sinónimo de novo em atitude. Que não seja assim no CRUP é o que todos na UM e restantes universidades desejamos. Queremos um Presidente do CRUP mais eficaz que os seus antecessores e já agora um reitor mais atuante na imagem da UM.  A saída recente da responsável por esse pelouro, infelizmente também não augura que as coisas mudem para melhor nesse sentido. A contrapor, a sua eleição para o CRUP lança momentaneamente o nome da UM para a imprensa, duma forma positiva,esperemos que a sua atuação também, perpetuando dessa forma este período efémero de exposição nos media.

quinta-feira, outubro 16, 2014

Qual o sentido da praxe

O processo da praia do Meco em que morreram 6 estudantes, foi re-aberto, após um arquivamento prematuro, muito por força da insistência dos pais e da exposição nos média. Nem sequer foi considerada na avaliação do processo a possibilidade das mortes terem sido causadas por uma praxe, o que é estranho, dada a evidência dos factos e das circunstâncias em que ocorreu o "acidente". O caso da queda do muro em Braga, embora diferente, é outra consequência das praxes, em que também houve estudantes mortos. Estamos de novo no início do ano letivo com as praxes a ocorrerem como se nada se aprendesse destes dois casos. Impressiona a inconsequência de tais tragédias nas praxes e não se percebe o que mudou. Os alunos ou são irresponsáveis ou são ignorantes ou o mais provável, continuam a ser esmagados logo à entrada por toda uma encenação dos mais velhos, de tal forma intimidatória que não se atrevem a faltar à praxe. Poderá ser que alguns gostem da praxe. Mas quantos gostam realmente de práticas extenuantes, em que se mantêm de pé, tal como os vemos quando passamos pelos agrupamentos, horas a fio, à chuva e vento, mal protegidos, muitos em T-shirt ou equivalente, obrigados a gritarem e a fazerem outro tipo de brincadeiras forçadas, que de brincadeira não têm nada? Então se é assim, porque não forma para as forças armadas? Lá só não há as brincadeiras forçadas, porque de resto há tudo o resto: permanecer de pé horas, obedecer cegamente à hierarquia, gritar coisas sem nexo, etc.
É um fenómeno de um misto de medo, teimosia em ser aceite pelos pares, vontade quase masoquista de sofrer para alcançar o patamar superior, e a possibilidade de se divertirem como bónus logo após a praxe, em bebedeiras gerais, que leva mais uma vez à inconsciência do seus atos.
Não entendo, nem muitos entendem, a não ser que seja uma penitência que está imbuída no seu ser, proveniente de séculos de fé católica que os moldou sem eles se aperceberem. Afinal Cristo também teve que morrer para poder ser ressuscitado. Será essa a analogia nos seus pensamentos íntimos?

terça-feira, outubro 07, 2014

Prós sem contras

No programa "prós e contras" de ontem, no Teatro Circo de Braga, tivemos a ocasião de ouvir dos vários intervenientes os prós de Braga e da UM em várias frentes, centrada nos jovens de Braga, e no sucesso da intervenção da UM na sociedade. Foram passando os minutos e os membros da "mesa", desde o Presidente da Câmara ao ex-secretário de Estado, agora responsável pela mais recente incubadora de empresas de Braga, a investBraga, falaram de uma realidade que dificilmente se pode imaginar como sendo aquela da cidade de Braga. O que é certo é que faltaram exemplos de todo esse dinamismo que foi referido, sendo que quase a única foi a Primavera que da plateia fez um relato que deve ter posto muita gente a dormir. Aliás,entre o enfado que as várias intervenções provocavam, ao enjôo de tantos elogios à cidade e à UM, faltou algum discernimento sobre a nossa realidade. Que a cidade é a mais jovem, refira-se como jovem o facto de ter a população mais jovem, é o que temos ouvido há mais de 20 anos. Será que ainda é? A emigração de jovens para a Suíça, França e Reino Unido, parte principalmente do norte do país e o distrito de Braga deve ser o epicentro dessa emigração. O norte do país deve ser a região do país com mais pobres. Tem talvez o maior desemprego. No entanto só o arcebispo referiu timidamente estes dados, não fosse destoar do otimismo e autoelogio de todos os outros presentes. Não se coibiu no entanto de regogizar-se com o trabalho que a igreja tem feito junto desses setores da população mais desfavorecida. A moderadora Fátima Campos Ferreira, parecia que dançava num mar de rosas, incentivando à enaltação por parte dos presentes dos feitos que fizeram para Braga ser a cidade que pintou quando da apresentação do programa. Não destoou em nada, não havendo lugar aos "contras" normalmente presente no seu programa. O reitor fez o que lhe competia, referindo a Universidade como uma "research University", e até pecou por ser parco nas palavras, não deixando no entanto de referir mais um ranking onde a UM figura à frente das outras universidades portuguesas. Não disse no entanto o óbvio, que os rankings são baseados em critérios que nem sempre são objetivos. O discurso de quase euforia teve um pequeno solavanco com a intervenção de José Mendes que se queixou que a região merecia receber mais investimento por parte do poder central, considerando ser uma região exportadora e que muito contribui para a riqueza do país por esta via. Esqueceu-se da auto-europa e da Galp, as maiores exportadoras, situadas perto de Lisboa. Ainda houve lugar ao protesto do reitor sobre o financiamento dos centros por parte da FCT não ter contemplado um centro de I&D que tem no seu seio um investigador que fez parte da equipa de um nobel da física, com trabalho na área do grafeno. António Murta fez o discurso de exaltação deste investigador. Quase que estávamos ombro a ombro com os prémio nobel com tal exaltação! Foi o ponto alto da noite. Foi uma noite surrealista em que Braga se elevou acima das nuvens, o que ao menos já é uma melhoria para Braga, habitualmente debaixo de nuvens.