sábado, maio 31, 2014

A renovação e a rotatividade em risco na política e nas sub-unidades da UM

Há pessoas que realmente estão agarradas ao poder ! Tanto na política como até nas Universidades. Até fazem ou alteram estatutos para se perpetuarem no poder. Neste momento está a acontecer no PS com a entrada em cena de António Costa. Hoje saber-se-á que manobra o presente secretário geral tomará para evitar a eleição de António Costa. Já se sabe que não vai convocar um congresso extraordinário que seria arriscado para ele. Felizmente a lei geral que incide sobre as autarquias veio limitar a eternidade dos mandatos dos presidentes de câmara.
Nas Universidades, a mesma ideia, não podendo os reitores e os Presidentes de Escola ter mais de dois mandatos. Mas quando descemos na hierarquia dos órgãos, vemos que alguns departamentos e centros de I&D não têm essa restrição, nomeadamente as sub-unidades da Escola de Engenharia, sendo um desses exemplos o Conselho Pedagógico dos cursos de Engenharia e o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, este último que conheço bem e que não impõe qualquer limite ao exercício do cargo de Diretor. Estes estatutos do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil foram propostos pelo atual Diretor e, tudo indica, candidato à eleições das próxima semana. Não se entende tais discrepâncias, sendo a rotatividade essencial em todos os órgãos, sejam eles Unidades ou sub-unidades. Por interesses pessoais ou por descuido na uniformização dos estatutos entre Unidades e subunidades por parte dos dirigentes das Unidades, existem estas discrepâncias entre sub-unidades, prejudicando a rotatividade e eventualmente a renovação das políticas, tão necessário nos tempos que correm em que o mérito não pode ficar para segundo plano, refém de estatutos inquinados.
Também o congelamento das admissões na função pública torna a renovação muito difícil. Nas Universidades, não deve já haver professores de carreira com menos de 35 anos! É urgente o descongelamento das admissões sob pena de não haver Universidades, tal como as conhecemos, dentro de 20 anos!

domingo, maio 25, 2014

Eleições hoje e amanhã

Mais uma eleição europeia em que a abstenção foi quem ganhou e em que os partidos tiraram as ilações que lhes convinha. A Aliança PSD/CDS não obteve sequer 30%, mas fala mais da expressão menor do que se esperava para o PS. O PS por sua vez fica satisfeito com os resultados que se situam abaixo dos 40% . Infelizmente para o País ninguém tira as ilações que devia. O governo saíu derrotado e o PS dececionou. O que seria de esperar era que o governo do PSD/CDS se demitisse e o PS mudasse de líder, isto sem qualquer animosidade em relação a José Seguro. Mas isto seria o que se esperaria e o que afirmarão amanhã ou nos dias seguintes os comentadores mais esclarecidos.
Amanhã serão as eleições "europeias" da UM, ou seja as eleições para o Senado. A abstenção será tão grande ou maior que nas eleições europeias; o Senado tal como o Parlamento Europeu é um órgão sem poder, um órgão consultivo. Esperemos que no fim os vencedores e vencidos não tirem as ilações que lhes convém, tal como as eleições europeias, mas que tirem as ilações mais lógicas e consequentes.
Há uma diferença, é que os candidatos nestas eleições para o Senado, não vão ter um emprego bem pago e com viagens em primeira classe. Terão, isso sim, um período da sua vida académica, em que fazem menos investigação ou outras atividades que teriam interesse para o se currículo, um período de discussões estéreis, frustrações (aqueles que levam o cargo a sério), e porventura até afetará as suas vidas privadas. Oxalá me engane.

domingo, maio 11, 2014

Assim vai o reino da..Cratogracia

O estatuto da UM, derivado do RJIES. prevê um órgão consultivo, O Senado, que não se sabe ao certo quais as competências reais. No entanto há umas almas que se candidatam com as melhores das intenções, uma vez que pensam fazer a diferença. Boa sorte é o que lhes desejo, embora desconfio que vão acabar frustrados pelo tempo perdido. Oxalá me engane, já que se esforçaram tanto e tantas expetativas criaram. Em vez do ministro andar a tentar cortar mais com a fusão de cursos de Universidades consideradas próximas geograficamente, faria melhor em reformular o RJIES e dar mais força ao Senado ou a um Conselho Académico que tratasse das questões pedagógicas, que tanta falta faz...
Para já, podia por o ECDU a funcionar, já que foi reformulado mas não foi posto a funcionar naquilo que seria o mais relevante para a tão propalada ligação Universidade-empresa: a possibilidade dos professores passarem um tempo nas empresas sem por essa razão serem penalizados na progressão da carreira.
Este ministro será que tem um plano ou estratégia? Ou estará preso pelas suas próprias contradições? É um rol de falsos arranques, tanto no secundário, com o inglês no primeiro ciclo e os exames aos professores, como no superior com os milhões que cortou e que diz que serão repostos e não o são. Agora diz que se vai avaliar os cursos segundo noções vagas de orientação, preferindo os cursos "técnicos" aos outros. Não se sabe bem o que quer mas não há um documento que guie as universidades neste ou naquele caminho. Ou se há, deve estar bem escondido.
Entretanto, nas Universidades reina a confusão, com o novo ano letivo já à porta.
Típico deste ministério e deste governo. Navegação à vista, como um comentador político definiu a sua atuação no outro dia numa análise pós anúncio da reforma do setor público, leia-se: dos cortes e impostos que vamos sofrer no setor público, desde o IRS à ADSE.

sábado, maio 03, 2014

O legado de Veiga Simão na UM

Morreu Veiga Simão o visionário Professor que fundou as Universidades novas, incluindo a Universidade do Minho. Na altura, eram politécnicos e institutos superiores, uma vez que os cursos eram de 3 anos e considerados bacharelatos. A ideia era de que preparassem engenheiros e especialistas em áreas onde não existiam, como a Engenharia Têxtil, que apoiaria a indústria principal do Minho, a Engenharia Metalomecânica, importante na região de Braga e a Engenharia de Polímeros, que foi fundada de seguida, já fora do seu local de implantação, por não haver Universidade em Leiria. Foi ainda fundada a Engenharia Informática, curso de onde provieram muitos empreendedores que formavam as primeiras empresas de informática, numa altura em que os computadores estavam a invadir as empresas e não havia técnicos para os manipular ou programar. É assim que eu interpreto as escolhas do então ministro da Educação, Veiga Simão. A Universidade rapidamente passou dos cursos de bacharelato para cursos de 5 anos, licenciatura, num espaço de 3 anos, sendo que muitos alunos que já estavam na indústria voltaram para acabar a licenciatura. Isto foi tudo há mais de 30 anos trás. Alguns desses alunos estarão já reformados ou próximo da reforma! Muitos transformaram as empresas assumindo posições de relevo, tais como diretores de produção, modernizando o tecido industrial numa altura em que as pequenas e médias empresas estavam entregues a empresários que não tinham a formação adequada e técnicos que aplicavam ainda métodos empíricos passados de pais para filhos. A Engenharia de Produção e Sistemas, fundada mais tarde por seguidores de Veiga Simão, como Barbosa Romero, membro da comissão instaladora e grande impulsionador destes novos cursos que vieram colmatar muitas deficiências na gestão das empresas, através dos seus licenciados. Foi a época áurea da engenharia, embora houvesse outros cursos únicos também fundados logo no início da Universidade do Minho, como a licenciatura em Relações Internacionais, que se espalharam pelo mundo, espalhando também o nome da UM esta forma. A fundação de cursos específicos, continuou com o curso de Administração Pública, que se esperava vir a modificar uma administração muito envelhecida. Foram tempos de mudança no tecido empresarial e na administração pública, que foram vividos com entusiasmo pelos seus protagonistas. Devemos muito desta revolução silenciosa a Veiga Simão, um homem que soube adaptar-se aos tempos modernos de então e não se ficar pelo saudosismo do passado, como infelizmente muitos se ficaram.