sábado, julho 13, 2013

Os dois pólos da UM: uma história por contar

A divisão da  Universidade do Minho em dois pólos ocorreu em 1976, contra o desejo da Comissão instaladora que geria a Universidade na altura, e desde então já se fizeram milhares de viagens  entre Braga e Guimarães. Muitos professores e funcionários gastaram do seu próprio  bolso os custos dessas viagens. Já alguém pensou no que se teria poupado só em combustível se não tivesse havido essa divisão? Se a universidade fosse só num sitio como estava previsto? Quando a auto-estrada foi construída, a pensar sem dúvida nos dois pólos da universidade e no negócio que isso traria, somou-se ao combustível as portagens, as mais caras do país por km. Não seria demais a concessionária pagar parte dos lucros que tem com os alunos e professores à  universidade ! E o prejuízo para a vida dos professores que foram destacados para Guimarães e viajaram durante anos num pequeno autocarro (mais tarde foi substituído por um transporte comum com o dos alunos)? Para evitar este incómodo as novas engenharias, a Biológica por exemplo, conseguiu ficar em Braga, quando o acordo inicial era de que as engenharias ficariam em Guimarães. Houve outras engenharias que se dividiram em duas, como os Polímeros. No entanto  a sua maior incidência era no pólo de Azurém em Guimarães. Isso não evitou no entanto, desmultiplicações desnecessárias dos professores entre pólos, agravado pelo arranque de cursos, como o de engenharia de materiais, com a participação de departamentos sediados em Guimarães, o de Engenharia Mecânica e o de Engenharia de Polímeros. Claro que estas constantes viagens e estadias nos dois pólos tiveram consequências no atendimento dos alunos, na orientação de mestrados e doutoramentos e nos currícula dos professores.Tudo feito em cima do joelho para remediar uma situação anormal de uma universidade com dois pólos, e fruto do interesse de professores com influencia junto do centro de decisões, ou seja, junto da reitoria e do poder político da altura.
A transferência de cursos para Guimarães em 1976 seria com o objetivo de desenvolver a cidade. Guimarães demorou muito tempo a obter aquilo que dizia ter direito, O desenvolvimento da cidade com a vinda dos estudantes e professores ocorreu bastante mais tarde, e ainda hoje muito aquém do que Braga beneficiou. Qual a razão? Não me ocorre nada mais do que dar-se o caso que durante muitos anos os primeiros anos eram em Braga e os alunos já estariam hospedados em Braga. Mas e nos últimos anos quando isso deixou de ser a norma e os cursos eram lecionados na totalidade em Guimarães? Continua o movimento de alunos e professores entre as duas cidades. Conclui-se que entre o que se perdeu para a região, com uma universidade dividida e necessariamente prejudicada por essa razão, e o que se ganhou para Guimarães, ficou a região prejudicada e o país gastou mais dinheiro, sem contar com o desperdício para os professores e alunos à conta das deslocações diárias.
Razão tinha a Comissão Instaladora, com Lloyd Braga como Presidente e onde pontuavam figuras como Barbosa Romero e Santos Simões, de querer ficar unida. independentemente do local. É interessante folhear as páginas de um documento na forma de livro publicado em 1976 pela ADMIN-Associação dos Interesses do Minho, e encontrar nos vários capítulos relatos de documentos que relatam as várias etapas do processo, desde o despacho do Ministério da Educação de então (MIEC) que dividiu a universidade em duas, o despacho 61/76, passando pela posição tomada pela comissão nomeada elo Conselho Pedagógico da UM, da qual faziam parte Luis Soares, Sérgio Machado dos Santos, Chainho Pereira, António Guimarães Rodrigues e Jaime Rocha Gomes (eu próprio, acabado de chegar à Universidade no início desse ano !). Embora mais novo que os outros elementos e sendo ainda só assistente convidado, senti como os outros que este seria um erro cujas consequencias perdurariam durante anos. Infelizmente, não nos enganámos.