terça-feira, maio 21, 2013

Mobilidade e greves

Os professores do ensino secundário ameaçam greve aos exames. Que bicho lhes mordeu? Só agora se mexem? No tempo do governo Sócrates não só fizeram greve aos exames como também não se calavam o tempo todo. Porquê? Agora percebe-se que não queriam as avaliações. O resto, mais alunos por turma, horários zero, menos contratações, menos estabilidade para os contratados, agrupamentos de escolas, cortes nos salários, cortes nos subsídios, etc, que lhes foram atirando para cima desde que a troika veio, nada disso fez aos sindicatos tanta raiva como um simples programa de avaliações, proposto pelo anterior governo. É caso para dizer: quem tem medo das avaliações? E porquê? A resposta é óbvia e não serei eu a dá-la.
 Mas este governo, após uma tímida proposta de avaliação, deixou cair o assunto. Não lhes interessa a qualidade? Ou pura e simplesmente querem os sindicatos dos professores pacificados, nomeadamente os seus dirigentes?  Era assim com os sindicatos americanos: apaparicavam os cabecilhas com benesses para os domesticar e conseguiram, no caso do Jimmy Hoffa que acabou por controlar os sindicatos mais poderosos. Os alemães foram pelo mesmo caminho oferecendo ações das empresas onde eles trabalhavam, como "incentivo". E agora não têm força. Felizmente têm uma economia forte que embora beneficie os mais ricos, sim porque na Alemanha o fosso entre ricos e pobre nunca foi tão grande, sempre paga bem aos dirigentes dos sindicatos, Os desempregados e os mal pagos, esses não têm força. Por cá, vamos pelo mesmo caminho. Vejam os professores contratados, alguns com mais de 20 anos de serviço e agora desempregados, Os sindicatos estão preocupados? Estão sim, mas a avaliação preocupa-os mais.
Na mobilidade como vai ser? Quem vai primeiro? Se não foram avaliados...mas parece que não vão para a mobilidade, em troca talvez de..não fazerem greve aos exames.
E assim vai o País. Quem sofre é quem não tem voz. Primeiro os reformados, que são alvo fácil. Depois os funcionários públicos mais fracos (carreiras médias para a mobilidade), depois os outros. Só não se toca nos juízes. O Sócrates atreveu-se a sugerir férias só de um mês, porque achava que dois era muito, teve os sindicatos a fazer de tudo, até pediram contas aos gastos com cartões de crédito dos ministros!
Quanto às avaliações no Ensino Superior, também há muito quem conteste. Parece que é um mal nacional no que toca ao ensino.
Os Professores do Ensino Superior do quadro têm sido poupados nos despedimentos, tal como os restantes funcionários públicos. Mas mais uma vez os mais fracos, leitores e convidados foram os sacrificados. Mas e a mobilidade? Também vai ser para todos? Vamos ver, porque aí, mais uma vez, não havendo avaliações, quero ver qual o critério e se os sindicatos do superior fazem ameaça de greve aos exames tal como os seus colegas do ensino secundário. Nessa altura já vai ser tarde porque ninguém os vai levar a sério. Foram demasiados anos a serem manipulados sem qualquer reação.