domingo, dezembro 22, 2013

Discrepâncias do ensino público

Mais um ano a acabar e o Ensino Superior com cada vez mais preocupações para o futuro. O financiamento é a principal preocupação as há ainda a baixa no número de alunos que se verificou este ano e que não se perspetive que melhore. O descrédito na empregabilidade de um curso superior será a principal razão mas a crise que impede que muitos alunos de famílias em dificuldades frequentem o Ensino Superior é outra razão . E aqueles no interior do País estarão pior por terem que suportar, ou os seus pais, custos da sua estadia e viagens. Tudo isto é sabido e não merece mais que um encolher de ombros tanto pela aparte dos governantes como da generalidade da população. Por outro lado muitos cursos estão desajustados ao tecido empresarial, não sendo possível atribuir culpas só para um lado, ensino ou empresas, uma vez que ambos têm culpas. Os professores vivem do seu salário e o seu lugar a médio prazo depende do número de horas letivas. Por isso é natural que se defendam e se direcionem para áreas populares, que sabem que atraem mais alunos, aumentando o número cláusus não tendo em atenção a empregabilidade dos seus alunos. Não havendo no país empresas suficientes para todos estes licenciados, em áreas como a biologia, engenharia biomédica, engenharia biológica, gestão, direito, humanidades, educação e agora mais recentemente engenharia civil, porque se insiste em números cláusus tão elevados para estas áreas? Ao menos a engenharia têxtil já há muito que não ultrapassa os dez a quinze alunos, muito devido á impopularidade do setor espelhado nos meios de comunicação, havendo por isso uma oportunidade para os seus alunos terem acesso a um emprego na indústria.
A ideia do ministro de cursos mais curtos nos politécnicos, cursos de dois anos, se fossem cursos práticos, até que não é má ideia. Agora não exigindo o 12ºano, baixa logo o nível o que não é o que os empresários de empresas evoluídas querem, e não tendo os recursos em termos laboratoriais, ou parcerias industriais asseguradas, só pode ser mais uma medida avulso "sem pés para andar". Esperemos que me engane, a bem dos nossos jovens e das nossas empresas.
Também há o risco de estarmos a formar pessoas para serem soldadores e eletricistas no Luxemburgo, França ou Suiça, como já aconteceu com os cursos profissionais.
Mas não havendo alternativa, tem que haver ensino intermédio neste país, que tanta falta faz.
Em contraste com este nível de aplicação tão imediata, temos os cursos de doutoramento ou doutoramentos que proliferam, e que não são aproveitados pelas empresas, na sua grande maioria.
Li na imprensa que os jovens irlandeses estão a voltar à agricultura, e os islandeses à pesca (hoje no Público), fruto da crise porque passaram as profissões "de gabinete" durantes estes últimos anos de crise. Em Portugal também já se ensaiam alguns passos nesse sentido. Será uma alternativa digna para os jovens com essa vocação e talvez o país saia do buraco em que se meteu com a PAC desde que entrou para a CE e que simultaneamente como medida compensatória, que nós aceitámos como país subdesenvolvido que éramos, aliciou jovens a fazerem cursos de formação profissional que se percebeu eram mais uma forma de financiar monitores, consultores e os próprios alunos que tanto mal fizeram ao país, fazendo o país perder tempo, que era precioso para o país sair do atraso em que estava. O ensino secundário não ajudou com alguns (quantos?) turbo-professores a ensinar o pouco que aprenderem nas instituições superiores mais preocupadas em elas próprias terem alunos/professores. Por muito que me custe, até concordo com o ministro nesta tentativa de por alguma ordem nesta imensa vaga de professores que "assaltam" anualmente os poucos lugares vagos que existem. Quais os critérios de admissão? No ensino superior era e é a média, sendo que há uma avaliação prévia que se chama doutoramento. Quando é que os professores do ensino básico e secundário percebem que a avaliação é sinónimo de qualidade?
Claro que não pretendo que será esta avaliação que se tornou numa farsa (porquê só os contratados e desses aqueles que têm menos de 5 anos de profissão?), mas é que eles não quiseram nem querem nenhuma avaliação. E deste modo os pais que podem põem os seus filhos no privado, colégios em Lisboa, Porto e Coimbra, ficando o resto do País e os outros pais desses distritos que não têm posses, dependentes de um ensino público nos últimos lugares do ranking.
E então para piorar o ensino público afastam-se os melhores alunos com o cheque-ensino ! Será que ficará alguma coisa de pé no ensino público com toda esta confusão (por parte dos professores) e desmantelamento (do governo) quando acabar este período de insanidade coletiva?