sábado, maio 26, 2012

Estratégia e Avaliação da EEUM

Fala-se de estratégia, da UM e das Escolas. Na Escola de Engenharia ensaiam-se cenários de restruturação de departamentos. Duma situação imutável e rígida de divisão da Escola em departamentos estanques, depois de anos de aparente decadência de alguns departamentos, nomeadamente o departamento de Engenharia Têxtil, em contracorrente com o centro de I&D correspondente, o 2C2T com uma classificação da FCT de excelente, sugerem-se cenários como o da extinção de departamentos por parte do Presidente da Escola. Até que não está mal visto, porque desta forma nenhum departamento seria prejudicado, mas talvez tivesse sido demasiado arrojada, especialmente vindo de quem vem, um Presidente cauteloso e com imagem de conservador. Talvez tivesse sido a necessidade de quebrar o status quo e a inércia que domina as estruturas dos departamentos, com uma visão para dentro, preocupados com o seu próprio sustento. Seja como for, talvez tenha tido o efeito contrário, ou seja, serviu para adiar ainda mais a restruturação dos departamentos Numa altura em que também se discute o RAD-EEUM, a Escola tem vindo a complicar, curiosamente na tentativa de simplificar através de um programa informático, o SIEEUM, que faz a classificação com base em pontuação pré-definida para a produção científica, já que este programa tem vindo a mostrar falhas na sua execução. Também não tem ajudado a indefinição sobre quando começa a avaliação a sério, ou seja aquela que é avaliada. Primeiro era para os anos de 2008-2011 já que para os anos 2004 a 2007 seriam atribuídos 1 ponto por ano. Agora parece que, por despacho da reitoria, também há a possibilidade de haver anos entre 2008 e 2009 que poderão não ser objecto de avaliação, sendo-lhes atribuída, tal como para 2004-2007 a pontuação de 1 ponto por ano. Mas que confusão! Para quê tantas cautelas? Será para aqueles que pensam que nem terão a classificação de 1 ponto puderem optar por eta via? Se lermos os comentários do sindicato sobre a avaliação, ela questiona se vale a pena, uma vez que não servirá para a progressão nos escalões tal como estava previsto inicialmente, devido ao congelamento dessa progressão. Assim, põe-se a questão, será que a avaliação seria mais útil para verificar quais aqueles docentes que não têm o mínimo de currículo e poderiam portanto ser dispensados num cenário de crise, e desta forma evita-se esse cenário atribuindo uma classificação mínima que evite a sua classificação de insuficiente? Se assim for, seria melhor não fazer a avaliação, pois estaremos todos a perder tempo. Pontuações artificiais de 1 ponto por ano como alternativa a uma avaliação segundo critérios que levaram tanto tempo e esforço a preparar, são no mínimo uma falta de respeito por quem trabalhou e trabalha para cumprir este objectivo do ECDU. A avaliação torna-se assim uma farsa: os bons não são promovidos, por falta de orçamento ou mesmo por decreto inviabilizando o descongelamento dos escalões, e os fracos não serão despromovidos e terão uma "passagem" administrativa com 1 ponto por ano, que será suficiente para terem os mínimos exigidos para se manterem em actividade. Dá vontade de dizer que é mesmo à portuguesa: faz que anda mas não anda.

sábado, maio 12, 2012

O campus e a cidade

Uma das raras ocasiões em que o campus vai à cidade em força é na semana do cortejo académico. Embora já não vá há muito tempo, admito que seja um momento divertido em que o cidadão comum vá ver o espectáculo promovido pelos estudantes, como se de um divertimento se tratasse. O bom humor impera e como é tradicional e natural num evento destes e também a irreverência. A instituição costuma dar o se apoio e também conferir legitimidade académica ao cortejo, nomeadamente o reitor com a sua presença. Consta que este ano a presença do reitor foi curta e que rompeu com uma tradição que vem sendo habitual e que virou as costas aos alunos que o mimaram com umas sátiras à sua actuação em relação à prática da praxe. Falta de sentido de humor? Falta de "poder de encaixe"? Como costuma dizer o comentador Professor Marcelo Rebelo de Sousa: o reitor não esteve bem. Já há muito que tinha notado que estas falhas constituiriam o calcanhar de Aquiles do reitor, imperdoáveis numa posição como a sua, uma posição que deve representar o que de melhor os académicos demonstram ter, de uma maneira geral, ou seja o sentido de humor e o poder de encaixe. A sua tomada de posição em relação à praxe foi, quanto a mim, a mais positiva do seu mandato. Na verdade, temos assistido a um rol de obscenidades, e práticas de humilhação exercidas pelos mais velhos sobre os mais novos, os caloiros. Nada justifica esta actuação quase que militarista, muitas vezes reminiscente das práticas dos comandos, e de outras forças especiais como que a testar os futuros soldados em terreno de batalha, a sua resistência e "endurance". No entanto, alunos não têm necessariamente que ser lutadores no sentido estrito da palavra. Já basta o que os jovens têm que enfrentar quando se candidatam a um emprego e que segundo as estatísticas são sujeitos cada vez mais a tudo e mais alguma coisa, desde a pressão psicológica típica dos “call centres” até ao assédio a que são sujeitos por empregadores sem escrúpulos que agora mais que nunca, aproveitando-se da crise, os exploram até ao tutano. Eles não precisam que lhes iniciem nesse caminho da humilhação mas sim de um estímulo e de encorajamento para a vida que está à sua frente. Ora, dito isto, nem tudo é mau nas tradições estudantes e há também a componente saudável do convívio que a semana da queima/enterro da gata proporciona e que de alguma forma serve para desanuviar dos estudos e prepararem-se para os exames que vêm aí. O reitor pelos vistos não sabe distinguir entre estas duas formas de manifestação de irreverência. Uma raiando o insultuoso, como é o caso das praxes, a outra, divertida, caso do cortejo. Faltou aqui o sentido de humor. Faltou também o poder de “encaixe” à crítica. Quem quer ser reitor actuante e toma medidas populares junto dos professores, mas impopulares junto de muitos alunos, como em relação às praxes, tem que estar preparado para as críticas. Ninguém está acima da crítica. Nem o reitor, nem o Presidente da República. Tanto num caso como noutro, aos actuais detentores do cargo, falta-lhes aparentemente o sentido de humor e o poder de "encaixe". Terão outras qualidades para o cargo, senão não seriam eleitos. Talvez noutra ocasião eu tenha razões para as referir. E são bem precisas, com a crise que atravessamos.