segunda-feira, agosto 22, 2011

O corporativismo alastra

Está visto. Quem manda são as corporações. São os sindicatos (corporações mais propriamente) dos professores que fizeram recuar sucessivos governos na avaliação até chegar ao ponto em que não vão ser avaliados (já não vão ser os mais antigos..), são os polícias que fazem greve disfarçada de baixa médica por razões psicológicas (único na Europa e talvez no mundo esta capacidade de improviso dos portugueses), são os militares que fazem promoções à revelia do estatuto geral da função pública que não permite aos restantes funcionários tal desrespeito pelo Estado (por não terem armas?), foram os juízes que mantiveram os seus dois meses de férias, são os maquinistas da CP que param um inteiro sistema de transporte, por também acharem que estão acima dos outros funcionários do Estado ou de empresas públicas e autarquias ao exigirem desbloqueamento das remunerações, e agora veja-se bem... são os árbitros!
Porque não hão-de os árbitros fazer birra também?
Afinal foi só o Sporting que os pôs em causa, nada de mais. Têm o F.C.Porto e o Benfica mudos e indiferente, e principalmente o FCPorto que tanto os apaparicou no passado com fruta e outras guloseimas (segundo escutas de telemóveis por todos ouvidas). Percebo pouco de futebol e não é só por ser adepto do Sporting. Poderia ter sido e pode ainda ser ao contrário: ter o Sporting e o Benfica a apaparicá-los e quem se trama é o FCPorto, se não se mudar radicalmente a mentalidade destas corporações.
As corporações (incluindo alguns sindicatos que actuam como tal) jogam com as divisões na nossa sociedade. As profissionais (professores, juízes, e outras) jogaram com a divisão política, apoiando-se nos partidos da oposição ao governo para alcançarem os seus objectivos. Os árbitros jogam com a rivalidade entre os três grandes clubes, posicionando-se com os que na altura estão na liderança. Tudo porque neste País ainda não se aprendeu que a Justiça, seja a justiça profissional em que todos devem ser tratados da mesma forma ao serem ou não avaliados, seja a dos tribunais, ou a do futebol, não deve estar ao serviço de quem berra mais (leia-se, quem tem mais acesso aos media)ou quem mais intimida a sociedade, seja com a sua força latente, no caso das forças armadas, seja com a falta de segurança das populações, no caso da Polícia, seja com a educação dos nossos filhos, no caso dos professores, ou seja com o nosso tempo livre e estado de espírito, no caso dos árbitros. Num Estado de Direito, deve, isso sim, estar ao serviço do País, que é algo que muitos se esquecem quando olham para os seus previlégios (actuais, futuros ou em risco). Já não bastava a crise.