terça-feira, outubro 06, 2009

Uma agradável surpresa nas candidaturas a Reitor

Só assisti à apresentação do candidato Artur Águas. Embora não tendo podido assistir à apresentação de António Cunha por impedimento profissional, penso que não teria sido surpreendido, por conhecer as suas ideias e o seu percurso na Escola de Engenharia ao longo dos anos. Agora, Artur Águas realmente surpreendeu-me. Porquê? Porque estava à espera de um A. Cunha nº2 e eis que surge uma personagem aparentemente liberta de clichés e do “politicamente correcto”. Sem complexos de Professor, transmitiu a ideia de que a avaliação dos alunos é para ser pública, atirando por terra a defesa de um membro do CG de que a UM é pioneira neste tipo de avaliação e que ela é avaliada pelos Directores de Departamento e de Curso! Defendeu as "Artes" como nenhum engenheiro o consegue fazer, sugerindo que tal como nos EUA a Universidade fosse o Centro Cultural da cidade onde se insere. Ideias originais, que lhe saíram da manga, como um Instituto Galego no seio da UM ou um pequeno estúdio de cinema experimental num departamento de "Artes". Talvez o único problema fosse a falta de tempo para abranger as Letras, quando confrontado com uma pergunta sobre a sua importância para uma Universidade que segue a óptica do mercado e do lucro, referindo-se só ao lado das Artes criativas, publicidade e cinema. No entanto não deixou de responder a uma pergunta rasteira de um membro do CG, que muito cheio da sua excelência em língua portuguesa, e esquecendo que o que estava em causa não era pavonear o seu ego mas ouvir o candidato a reitor, o lembrou que o mérito que o candidato referiu como sendo condição para um Reitor, também se reflecte na escrita que por sinal, na sua apresentação, teria erros ortográficos! Respondeu humildemente, o que é raro em Professores Catedráticos, que o português que escrevia podia não ser Queiroziano mas era aquele que era adequado para transmitir uma mensagem, directo e objectivo, coisa que este seu interlocutor não é! Aliás, o seu estilo revelou aquilo que viemos a descobrir mais tarde, a sua vivência nos EUA durante o doutoramento. O seu estilo irreverente, “atrevendo-se” a desafiar uma situação já há muito estabelecida na UM, mesmo não atingindo um objectivo que nem o próprio acredita, referindo-se a uma muito remota hipótese de ser eleito, foi sem dúvida uma lufada de ar fresco na teia de interesses em que se tornou a UM nos últimos anos.
Um muito obrigado a Artur Águas por nos ter permitido sonhar com uma UM nova, mesmo que fosse só por uma ou duas horas de intervalo na rotina do dia-a- dia de um professor da UM.