sábado, setembro 19, 2009

As eleições para a Escola de Engenharia podem trazer mudança?

Em breve haverá eleições para o Conselho de Escola da Escola de Engenharia. Quais os aspectos que se assemelham e aquele que diferenciam esta eleição da eleição para o Conselho Geral da Universidade? A estrutura e as funções são semelhantes, sendo que ambos os órgãos elegem o responsável que preside à instituição (Reitor num caso e Presidente da Escola noutro), se é que se pode chamar instituição à Escola. Ambos têm funções fiscalizadoras do governo da instituição. Mas as semelhanças acabam aqui. O Reitor está muito afastado do dia-a-dia dos docentes, enquanto o Presidente da Escola estará muito mais perto dos docentes e das suas actividades, ao Presidir ao Conselho de Gestão e ao Conselho Científico. O Presidente também tem poderes em relação à estrutura da Escola, nomeadamente no que respeita à formação de novas sub-unidades orgânicas, ouvido o Conselho de Escola, o que não acontece com o Reitor no que se refere a novas Unidades Orgânicas. Quer isto dizer que o Presidente de Escola, pode iniciar um processo de auscultação aos departamentos, que já tinha sido iniciado durante as "workshops" promovidas pelo anterior Presidente. É um processo que requer mais tempo do que aquele que foi atribuído durante a workshop, e o Presidente tem tempo (3 anos) para o fazer.
A meu ver esta será a verdadeira mudança que a Escola precisa. Tudo o resto será cosmética. Mesmo havendo mais que uma lista concorrente, atrevo-me a sugerir que os programas das listas concorrentes serão muito semelhantes, referindo aspectos consensuais como a excelência da Investigação e dos cursos da Escola, a ligação ao exterior, o empreendedorismo, e outros aspectos que embora tenham a sua evolução natural, também concordo que nunca é demais trazer ao debate nestas alturas em que há discussão de ideias. No entanto, os aspectos mais delicados, que mexem com o futuro dos docentes, como a reorganização departamental por exemplo, ficam por discutir. É altura de os docentes saírem da sua letargia e da sua posição confortável, e de discutirem a actual estrutura da Escola, herdada dos anos 70!
Os tempos são outros, já não se justificando por exemplo departamentos divididos só segundo sectores industriais e coincidentes com cursos para formação de engenheiros para esses sectores (Têxtil, Mecânica, Polímeros, e até Civil). Sendo evidente que estes cursos devem existir, até pela elevada procura para os sectores mais populares (Civil e Mecânica), é também verdade que esta situação não se manterá por muito mais tempo, dependendo da evolução do emprego nos próprios sectores de actividade. Até que houve evolução nos cursos, como por exemplo o advento de cursos horizontais como o de Engenharia de Materiais, então porque não houve evolução nos departamentos com a formação de um Departamento de Engenharia de Materiais? Talvez porque na altura da formação do curso, os materiais estavam divididos pelos vários departamentos, não havendo qualquer ligação entre eles. Agora, porém, tudo é diferente, sendo os materiais utilizados em varias formas e abrangendo várias áreas, especialmente com o advento dos compósitos e dos nanomateriais. Onde se situam por exemplo os compósitos de polímeros e fibras? Nos polímeros ou na têxtil? E os nanomateriais aplicados em revestimentos de têxteis ou de polímeros ou de metais? E as tintas com polímeros e pigmentos aplicadas em metais, ou na construção civil ou Naval?
Por outro lado a Engenharia assimilou a Escola de Arquitectura por uns tempos e agora deixou fugir a sua tutela. Onde pertence a Arquitectura? às Artes ou à Engenharia Civil? Esta discussão também ainda não terminou, até talvez tenha morrido à nascença ao incluir nos Estatutos da UM a decisão da autonomização da Escola de Arquitectura ao Conselho Geral da UM. Pois se o Design está na Escola de Engenharia, porque não a Arquitectura? Ou então o Design vai para a Escola de Arquitectura!
Esta discussão é importante para o futuro da Escola e deve ser assumida pelo Conselho Geral, mas principalmente pelo futuro Presidente da Escola.
Por isso, para mim, as eleições para o Conselho de Escola devem ter em vista a eleição de docentes e investigadores que possam influenciar esta discussão e também a própria eleição dum Presidente que a promova.