segunda-feira, maio 25, 2009

O novo ECDU(3)-O peso do traje

É lamentável o que está a acontecer ao Ensino Superior, nomeadamente o Universitário (por conhecer melhor). O ministro deve estar orgulhoso de ter conseguido manter os docentes do Ensino Superior, especialmente os universitários, quietinhos enquanto põe e dispõe das suas vidas profissionais. Tira-lhes a nomeação definitiva, tira-lhes a estabilidade de emprego, congela-lhes a progressão dos escalões dos últimos anos, condiciona a subida de escalões que antes era automática, e outras maldadezinhas escondidas nos novos Estatutos.
Há uns anos, fez-se uma greve aos exames por muito menos. Agora, pese embora as queixas dos sindicatos, o ministro dá-lhes umas migalhas para os professores do Politécnico e os Sindicatos adormecem e limitam-se a fazer contrapropostas que sabem não ter qualquer hipótese de serem aceites.
De quem é a culpa? Dos sindicatos mas também de todos nós. Dos sindicatos porque têm uma lógica de números e não só de justiça, apoiando os que mais peso têm na sua estrutura; de todos nós porque somos os srs Professores que não "gostam" destas coisas como greves e manifestações. Vejam os professores do ensino secundário: mesmo com os seus casacos de classe média as sras professoras vão ás manifestações, descem do seu pedestal e fazem barulho, apitam, gritam, enfim, muito diferente das manifestações do 1º de Maio, mas mesmo assim, de reconhecido militantismo.
Nós vamos sendo eliminados um a um. Primeiro os Assistentes, depois os leitores, depois os Professores Auxiliares, e finalmente, através duma qualquer remodelação de serviço todos os outros mesmo os com "tenure".
Os Reitores, diminuídos depois de terem sido chamados de incompetentes na gestão universitária pelo ministro, acanham-se e pouco fazem senão queixarem-se do financiamento, como se não fosse mais frágil a situação dos professores do que o financiamento (sabemos que o ministro acaba sempre por compor o orçamento antes do Natal, como se fosse o Pai Natal).
Agora quase sem exames para fazer greve, uma vez que a avaliação é contínua e só quase há exames de recurso, que nos resta? Até nisso os professores do superior têm azar, com a entrada de Bolonha já não há avaliação organizada e centralizada...se fossemos militares, passeávamos de farda, enfermeiros de bata, nós pareceríamos ridículos se fossemos de traje...mas é uma ideia.
Tudo menos ficar sentados á espera do machado (axe) do ministro!